Lya Fett Luft
Nasceu em 1938 no interior do Rio Grande do Sul. Professora de lingüística que se fez tradutora de inglês e alemão para, em seguida, tornar-se escritora. Entrou na literatura estimulada pelo marido, o filólogo Celso Luft: “Tente se levar mais a sério em literatura, um dia você vai perceber como isso é importante”. Certo dia mandou um livro de contos ao editor Pedro Paulo Sena Madureira, que se dispôs a editá-lo. Contudo advertiu-a que, não obstante os contos serem bons, eram na realidade romances abortados, e recomendou que ela se dedicasse ao gênero. Pouco depois, após um grave acidente de carro, e para aproveitar o tempo de convalescênça, escreveu um romance – As parceiras (1980) – enviou ao editor e recebeu a seguinte resposta: “Lya, eu vou publicar isto e tudo o mais que você escrever”. No ano seguinte lançou A asa esquerda do anjo, seguido de Reunião de família (1982), O quarto fechado (1984) e Mulher no palco (1984). Em 1985 conheceu Hélio Pelegrino, separou-se do marido, deixou os três filhos e mudou-se para o Rio de Janeiro para viver um grande amor. Amor fulminante e breve, que durou até a morte do psicanalista em março de 1988. Esta vivência resultou num livro de poemas – O lado fatal (1988) –, que veio a se transformar em peça encenada por Beatriz Segall. O livro foi escrito em quatro meses, numa catarse. Depois disso, passou seis anos sem escrever, procurou um analista e “voltou para casa”, conforme anunciava a entrevista que deu à revista Marie Claire, em 1992. Neste ano ela voltou a Porto Alegre para se casar novamente de papel passado com Celso Luft. “Alte Liebe röstet nie”, disse bem humorada na entrevista, lembrando o velho ditado em alemão: “Amor velho nunca enferruja”. O próximo livro só viria em 1994: A sentinela enfoca, entre outras coisas, uma história sensível que fala de perda e reconstrução. Pouco depois, foi atingida por mais uma grande perda: morre seu primeiro e terceiro marido. Da vida solitária surgiu seu livro mais vendido até aquela data, O rio do meio (1996), um texto híbrido, situado entre a memória e o imaginário, sem gênero definido. Esta característica tem acompanhado a escritora em outros lançamentos: Histórias do tempo (2000), Perdas e ganhos (2003), Pensar é transgredir (2004), O silêncio dos amantes (2008), Múltipla escolha (2010), A riqueza do mundo (2011), O tigre na sombra (2012), O tempo é um rio que corre (2013). Trata-se, como disse um crítico, “de uma escritora que cria um clima tenso e inquietante, com forte carga de realismo mágico e ênfase nas complexas relações do ser humano consigo mesmo, com a morte e com a família”. Em junho de 2004 passou a comandar uma coluna quinzenal da revista Veja, na qual ressalta sua visão de mundo. Seu lançamento mais recente é Paisagem brasileira (2015).
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