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Cinema
Suzo Cecchi d'amico

"Os escritores nunca deveriam se preocupar com a adaptação e a redução cinematográfica. Hemingway nunca quis nem sequer ver os filmes inspirados em seus romances. De fato, são obras diferentes. Cada um faz o seu trabalho. Bons autores de literatura, como Moravia ou Pratolini, revelaram-se péssimos roteiristas – sobretudo Moravia, por causa de sua impaciência. Eles se prendem facilmente a coisas suas, que cinematograficamente, porém, devem ser abandonadas. Tomemos um exemplo que todos conhecem, como O Leopardo. Muitos pensam que o filme é a tradução do romance de Tomasi di Lampedusa. Mas o filme, por exigências de ritmo e script, acaba trinta anos antes do que a narrativa original. No episódio do baile, é descrita a decadência e a morte do príncipe – morte que no romance acontece trinta anos depois do baile. Essa concentração é materialmente infiel ao texto original; mas na verdade é fácil e eficaz".

Fonte: Cult. nº. 19, fevereiro 1999.

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