“Passo dias e dias sem sair de casa. Preciso de isolamento. Preciso saber que tenho horas pela frente, sem nenhum compromisso agendado. Preciso de silêncio. No último livro, havia duas obras no meu edifício. Quando vi, estava de pijama, num final de tarde, esmurrando a porta do vizinho. Tive de alugar o quarto de uma amiga. Preciso da minha biblioteca por perto, serendipity só acontece durante a escrita. Preciso de cadernetas para anotar uma ideia que vá ser útil lá na frente ou para me dar recados sobre as personagens. Não gosto de escrever com o estômago cheio. No máximo, tenho um copo d’água por perto. No início de um novo livro, tiro pó da escrivaninha e seleciono alguns títulos para ficarem à mão. Desinstalo o jogo de xadrez do computador, pois já passei doze horas seguidas jogando em vez de escrever. Uso caixas de roupas, aquelas que vêm com elástico, para guardar as versões impressas e anotadas. Reescrevo mais do que escrevo. Só paro quando começo a destruir.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
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