“Nunca escrevo antes das 3 da manhã. Pode ser que tente, mas praticamente nunca algo vai acontecer antes deste horário. Para abrir os trabalhos, costumo ler pequenos trechos de três ou quatro livros por vez. Preciso de silêncio absoluto. Diante do meu prédio tem um bueiro solto. Os carros passam em cima e fazem um ‘ramplam’. Já pensei em subornar um funcionário da prefeitura para dar um jeito. Ou eu mesmo dar um jeito. Não admito música no ambiente. Antes de começar, alimento os gatos, troco a água e limpo a areia para não haver interrupção. Em todos os contos de Veja…, exceto um, estava chapado. Não apologizo e nem recomendo, mas o fato é que funcionou. Dificilmente bebo, jamais fico bêbado. Reviso o que escrevi logo ao acordar, depois deixo o texto por mais algumas horas. E mesmo que não consiga escrever nada, quando estou escrevendo espero o dia amanhecer antes de dormir. Uso sempre a mesma fonte e corpo 11. Às vezes faço experiências para mudar. Essa semana tentei de novo ouvir música. Apenas uma música, a mesma, tocando no repeat. Uma música brega dos anos 70 que nem arranhou a parada de sucessos. Tentei ver se a vontade de me livrar daquela música ruim acelerava as coisas. Não deu certo. E não posso garantir que não estou mentindo.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
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