“Quanto a mim, o processo de criação não é indefectivelmente o mesmo, mas que em geral o poema nasce em redor de uma idéia central, ou melhor, de um núcleo – que pode não ser uma idéia, senão um ritmo, um verso espontâneo etc. Em torno desse núcleo se concentra a nebulosa, isto é, a poesia (quando se concentra). O roteiro formal é traçado consoante as exigências do núcleo. Assim, parto do que chamamos inspiração (embora nem sempre espere por uma centelha mágica...), que, todavia, não prescinde das técnicas de construção, sua contraparte intelectual. Na verdade, inspiração e construção imbricam-se, são aspectos de um ato unitário – o fazer poético. Não sei dizer qual dos dois aspectos predomina em mim”.
Fonte: GOMES, Danilo. Escritores brasileiros ao vivo. Belo Horizonte/Brasília: Comunicação/INL, 1979.
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