"(Busco meus temas) em notícias de jornais, frases no ar, bulas de remédio, pequenos anúncios, bilhetes de suícidas, o meu e o teu fantasma no sótão, confidências de amigos, a leitura dos clássicos etc. O que não me contam, eu escuto atrás da porta. O que não sei, eu advinho - e, com sorte, você advinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecedo... (Não escrevo) nem de manhã, nem de tarde, nem de noite: a hora propícia é aquela em que a mão escreve sozinha... Para escrever o menor dos contos, a vida inteira é curta. Nunca termino uma história. Cada vez que a releio, eu a reescrevo. E, segundo os críticos, para pior "
Fonte: Nicolau, Curitiba, nº 33, julho de 1990 - Araken Távora
“Escrevo à mão, depois datilografo. Não tenho e nunca terei computador... Escrevo de madrugada. Nunca fui dormir cedo, gosto do silêncio. Mas também, quando a idéia vem, anoto tudo em papelinhos. Isso acontece quando estou na rua. Ou no vegetariano onde almoço. Ou no supermercado. Meus melhores contos nasceram na fila do banco, tão cheia de joões e marias... No início eu escrevia todos os dias. Escrevia com raiva. Religiosamente. Burocraticamente. Foi assim até A Polaquinha, meu primeiro e único romance. Depois parei com essa mania. Só escrivão escreve todo dia. Só burocrata escreve com raiva, revolta, indignação”.
Fonte: Folha de São Paulo, 25/04/2004 - Nelson de Oliveira
(Entrevista fictícia)
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