"Meu modo ideal de escrever um conto é fazer primeiro um esboço completo de uma assentada, depois trabalhar o quanto for necessário em revisões, e finalmente escrever a versão final de uma só vez, de maneira que tudo se resuma a um esforço prolongado... Escrever à máquina é muito útil, dá a sensação de que executo o trabalho de modo objetivo. Posso corrigir melhor se o vejo datilografado. Depois, faço a revisão com tesoura e alfinetes. Colar é muito demorado, e fica difícil para desfazer, mas com alfinetes pode-se mover as coisas de um lugar para o outro, e é isto que eu gosto - escolher o melhor lugar, o mais adequado, revelá-lo no momento em que tem mais importância. Muitas vezes eu tiro algo que estava no inicio e o coloco no final. Pequenas coisas - um fato, uma palavra -, mas que são importantes para mim. É possível que eu tenha uma mente às avessas e faça tudo de trás para diante porque sou canhota... Não mexo no cerne da história. Sabemos muito bem que não se deve tocar no que está bom. O mais dificil para miim é pôr e tirar as pessoas da sala - a mecânica de uma história. Para mim, é impossível descrever um ato simples, como tirar a roupa, sem várias tentativas frustradas. Você tem de ser rápido e específico ao exprimir ações desse tipo, e também tão organizado e discreto quanbto possível, para que elas não atrapalhem. E considero isto como um desafio, especialmente para descrever uma ação que eu mesma não executo tão bem, cmo costurar. Fiz Tia Lexe, em Losing battles, costurar mal para não ter que descrever muito bem o seeu trabalho".
Fonte: Escritoras e a arte da escrita: entrevistas da Paris Review. R.Janeiro: Gryphus, 2001.
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