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Como escrevo?
Floriano Martins

"Vivo um processo de escritura poética absolutamente ritualístico, em que o álcool e a música funcionam como elementos de expansão da percepção, abrindo caminhos para as visitações do inesperado. Escrevo tomado pela escrita, em estado de entrega total, espécie de transe em que memória e desejo dialogam abertamente, tecendo um lugar sagrado de encontro entre experiência e imaginação. Essa condição abissal e atemporalidade (me) permite o mergulho nos estratos mais recônditos de um humanismo já quase de todo perdido em nosso tempo, em que componentes arquetipais são convocados ao fervor da escrita, enfim, cena da qual participa toda a visceralidade que caracteriza a aventura humana. E esse processo é de tal forma íntegro, é tanta a identificação entre seus elementos, que raramente se faz necessária alguma modificação orgânica nos poemas – mesmo considerando a larga extensão dos mesmos –, portanto conscientes de um eventual comprometimento da densidade, seja do discurso, seja do bailado das formas. Entrega e compromisso, diálogo com a escrita e com a existência, aceitação do outro e busca de uma conquista de si mesmo. Escrevo absolutamente entregue à vida".

Fonte: Depoimento em agosto de 2001.

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