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Como escreve?
Ivan Angelo

"Tem que pensar numa história, numa intriga, tem que inventar. Podem ser flashes, alguma coisa que pinta, um olhar que você tem com alguma pessoa. Todo mundo põe recordações nas histórias, não conheço um autor que não coloque. Digamos que, dependendo do que você escreve, 50% são emoções que você viveu. Pego um personagem central, num conflito que se desenvolve ao longo de todo o livro, e faço a história pronta e acabada. Você tem um fio condutor e o resto tem que inventar, criar (os personagens). Surgem talvez de pessoas que conheço, de comportamentos que quero denunciar, ir contra ou a favor. São idealizações dentro do aspecto geral da sociedade. Como faço uma literatura um pouco crítica da sociedade, procuro detectar esses comportamentos em pessoas, anoto, e a partir daí vou desenvolvendo. Cada personagem é um envolvimento total, mesmo que seja de ódio. Já cheguei a pensar: ‘o que seria bom para tornar tal personagem mais condenável, mais antipático?’. Para isso tenho que pensar como aquilo me ofenderia, é também uma forma espelhada de procurar os personagens. (...) Muitas vezes (a narrativa) dá nó. Às vezes paro no meio do processo, não engata, não vai. De repente você vai, vai e muda o processo. O principal são os personagens centrais, isso faz parte do conflito. Os outros vão surgindo e o que for necessário aparece. A cabeça do escritor dá muitas voltas. São armadilhas que o texto mesmo prepara pra gente e aí, tem que parar".

Fonte: Correio Braziliense, 21/12/1997 - Nahima Maciel

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