"Não recomendaria aos outros que procedessem da mesma maneira. Creio que cada qual trabalha a seu modo, sabendo instintivamente qual seria o melhor método. Pois bem: de início estabeleço as grandes linhas do romance. Jamais começo um livro sem saber o começo, meio e fim. Até agora tive a sorte de sempre ter em mente não apenas um, mas uma meia dúzia de projetos bem determinados. Terminando o trabalho preliminar, estabeleço um plano de capítulos, começando então a verdadeira escrita da primeira versão a lápis, deixando uma margem de
meia página para as correções. Depois releio tudo e reescrevo à tinta. Acho que meu trabalho verdadeiro começa com a primeira coleção de provas, quando não apenas corrijo cada frase, como também reescrevo capítulos inteiros. Parece-me que não domino o tema senão quando vejo o trabalho impresso. Felizmente meu editor concede-me todo espaço para as correções e freqüentemente chego a ler oito ou noves provas. Invejo, mas não quero imitar, aqueles que não vêm motivos para modificar ou acrescentar uma só palavra desde o capítulo primeiro até a palavra fim".
Fonte: O Estado de S.Paulo, 15/07/1999. (extraído de: Compere, Daniel; Margot, Jean-Michel. Entretiens avec Jules Verne. Paris: Editions Slatikine, 1999).
|