“Isso vai mudando com o tempo. Lembro que no primeiro romance, achava que precisava de café e cigarro, se fosse de dia, e cigarro e um pouco de vinho à noite. Quando terminei estava com gastrite. Aí entrei numas de reduzir o café e tentar fumar cachimbo. Era ridículo, mas ninguém via. E vá conseguir manter o cachimbo aceso e pensar ao mesmo tempo?! Fracassei. A roupa só tem que ser confortável, porque não me sento direito, fico fazendo contorcionismos com as pernas. Arial 12, entre linhas 1,5: sempre. Já escrevi com música, no silêncio, com obra no vizinho, televisão ligada na sala. Acho que só sou completamente incapaz se alguém assistir Faustão ou BBB perto de mim. Agora, sempre fico um pouco inquieta até engrenar. Ligo computador, penso que está tudo certo, que já vai acontecer, e de repente tenho certeza que preciso pegar um copo de água. Volto e lembro que não escovei os dentes ou me esqueci de tomar a vitamina. Depois acho que é melhor prender os cabelos. Ou soltar. Vou me enlouquecendo até que canso e sento pra escrever bem comportada. Também gosto muito de caminhar. Andando o pensamento vai fluindo e se encadeando, é impressionante. Volto correndo, doida pra passar tudo pro papel. Mas aí acho que preciso tomar banho primeiro, claro.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
|