"Difícil definir o processo de criação, não? Mas, comigo, sempre sei como um poema começa, e é pelo fim. Às vezes também me vem o início. Escrevo e depois elaboro. Porque é preciso trabalhar sem tirar a espontaneidade. Como diz João Cabral, um poeta que também adoro, a forma é importante, é a espinha dorsal do poema, é o artesanato necessário. Mas quando um poema nasce inteiro é fantástico, é o grande orgasmo. Surgir, ele, o poema, ou o texto de ficção, pode surgir de qualquer estímulo exterior, de alguma coisa que ficou latente na memória, de tanta coisa. Tudo que nos rodeia, nos inspira. O resto é por conta da transpiração".
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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