“Embora seja um neurótico sem salvação, penso que não tenho grandes manias (diretas e decisivas) relacionadas ao momento de escrever. Gosto de escrever em casa, no meu desktop Dell de dois mil e três, que fica sobre uma mesa enorme que mandei fazer em noventa e sete e que batizei carinhosamente de Frankenstein e que vem me acompanhando deste então. Preciso de silêncio e que a mesa esteja sem aquelas pilhas de documentos e jornais e revistas que preciso ler com urgência, mas que acabo não lendo. Gosto de poder olhar as nuvens enquanto penso (e a parede à frente não pode ter quadro algum, nada que distraia, gosto de parede branca, vazia). Quase sempre digo pra mim mesmo que estou fazendo aquilo antes de tudo por prazer – claro, há muita angústia e pressão na exigência de produzir com qualidade, por isso, talvez, tenha de lembrar a mim mesmo que é preciso o mínimo de prazer. Há coisa de meses, não sei precisar, tenho desligado a internet, o que nem sempre é possível. Às vezes preciso de trilha sonora; o jazz prevalece, mas escuto muito os discos do Júpiter Maçã, Avalanches, King Crimson, Tom Waits, Julio Reny, Constantina, Radiohead. Gosto de selecionar uma faixa e deixá-la repetindo; sei que é estranho, mas, quando estou disperso demais, é o que mais ajuda a me concentrar.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
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