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Encontros Notáveis

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DARCY RIBEIRO

 

Apresentação

       A criação da Fundação Darcy Ribeiro, no Distrito Federal em Brasília,  representa a concretização de um sonho de todos nós, os brasileiros. Trata-se da necessidade de mantermos viva a memória da pessoa e perseguirmos seus ideais. Não se trata de um mausoléu, mas de um centro de pesquisas e estudos, necessários ao desenvolvimento de suas idéias, que não são poucas nem simples, porém factíveis.

      As grandes personalidades da história representam a riqueza de um país, e se constituem em modelo de atuação.  Sabemos que o Brasil é rico pela sua própria natureza, mas precisamos reafirmar que essa riqueza natural também é humana. O Brasil, com este gesto alivia a fama de ser relapso com sua história, e não dar a devida importância aos seus filhos ilustres.

      É sabido que entre os grandes brasileiros, Darcy Ribeiro teve um papel destacado em cinco áreas distintas: antropologia, educação, política, literatura e oratória. Sua relevância nas três primeiras é bem conhecida e poderia suscitar o comentário: "com sua fama, qualquer coisa que escrevesse seria bem recebido pela crítica", colocando em dúvida sua competência na área literária.

       Mas essa dúvida foi dissipada por um renomado crítico literário. Alceu Amoroso Lima ao compará-lo a Gonçalves Dias, inscreveu o autor de Maíra na galeria dos grandes escritores brasileiros. Para eliminar definitivamente a dúvida, Darcy escreveu outros livros como O Mulo, Uirá, Utopia selvagem; enveredou pela literatura infanto-juvenil. didática, poesia

e terminou na memorialística. Como era vaidoso fez primeiro um ensaio  - uma narrativa onde o leitor escolhe a sequência da históra -, e escreveu Migo, em 1988. Não é o livro mais importante de Darcy, é um livro para conhecê-lo mais de perto. Para conhecê-lo mais e melhor deixou-nos o Cofissões, em 1997, no ano de seu falecimento. O Brasil soube reconher o mérito e condiziu-o à ABL-Academia Brasileira de Letras.

        Quem já ouvi Darcy falar em público, sabe do poder de sua eloquência. Poucos sabem que era ele quem preparava os discursos de Salvador Allende. Quem não chegou a ouvi-lo, pode constatar através da leitura de sua palestra na 29ª Reunião da SBPC, em julho de 1977, em São Paulo, intitulada "Sobre o óbvio". Sua fala foi transcrita para revistas e ele mesmo utilizou o texto para abrir seu livro Ensaios insólitos, em 1979. Eu tive o prazer de participar da edição desse livro. Trata-se de uma das mais belas palestras de Darcy, onde ele aborda com muita ironia e sarcasmo diversos aspectos das mazelas da história e cultura brasileiras.

         Alguém poderia perguntar qual a real utilidade desta coletânea de depoimentos feitos por quem convivia com Darcy ou por quem teve um encontro eventual com ele. Sabe-se que Darcy, não obstante sua múltipla personalidade e eloquência, era uma pessoa que pouco falava de si no sentido de conhecermos melhor a pessoa em sua intimidade. Ele falava, e muito, sobre suas façanhas, e sobre o que deve e como ser feito. Mas pouco falava de si próprio. Nunca vi em nenhum de seus depoimentos ou entrevistas, ele falar do fato de não ter filhos.

         O assunto foi tocado uma vez, e não foi bem recebido. Numa conversa descontraída sobre psicanálise, que teve com seu amigo Luiz Fernando Vitor, ficou aborrecido: "Nunca mais falo de sonho com você!". Se até Machado de Assis, tido como sizudo e não dava entrevista, se pronunciou sobre o fato - "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria” - por que Darcy, tão descontraído, não gostava de falar sobre isso? É claro que o fato em si, não é tão relevante, Mas, tendo em vista um conhecimento mais profundo da pessoa, tem sua utilidade. Quantos de nós já não perguntaram: Pôxa, mas como é que uma pessoa desse quilate não deixou descendente?

        Desse modo, em tais depoimentos podemos conhecer melhor a pessoa em foco sob outro ponto de vista. São amigos ou admiradores revelando seus encontros de um modo expontâneo e revelador de características da personalidade que até agora não conhecíamos ou não conhecíamos o suficiente. Acredito que no momento em que se erige uma fundação dedicada à uma pessoa, é oportuno conhecermos mais e melhor

esta pessoa.

         Até o momento recolhi alguns depoimentos expressivos de pessoas mais ou menos próximas de seu convívio, os quais serão publicados semanalmente. Nesse trabalho de "encontrar" ou "bater um papo" com Darcy Ribeiro, espero encontrar mais depoimentos, contando com a colaboração da Fundação Darcy Ribeiro e das pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

J.D. Brito

              

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