PREÇO (na Economia)
Para alguém obter os bens que necessita para satisfação de suas necessidades, é mister sacrificar, ceder algum ou alguns que possui.
Em seu aspecto invariante, essa porção de bens que alguém cede em troca do que precisa (acto econômico, portanto oneroso) é o preço.
E esse preço, neste caso, sendo bens, pode ser formulado por qualquer espécie de utilidade.
Mas essa operação não se processa mecanicamente, numa simples troca. Nela se processam também fatos psicológicos, sociológicos, etc. Nela intervêm inúmeros fatores co-variantes, que a tornam diferente, que lhe emprestam novos matizes, novas qualidades, que a diferenciam das outras.
Um estudo no preço, que se detivesse apenas dentro da esfera do quantitativo, não hauriria muitos aspectos que são importantíssimos, sobretudo nos dias que correm, e que servem para uma melhor compreensão dos fatos econômicos atuais.
Em nossa linguagem quotidiana, diz-se que o preço de uma mercadoria ou de um serviço é a quantidade de moeda que é preciso dar para obtê-la. Poderíamos considerar não só uma quantidade de moeda, ou uma mercadoria dada em pagamento, mas um serviço, avaliável em moeda. Ora, sabemos que a moeda serve medir, para avaliar economicamente os bens.
FORMAÇÃO DOS PREÇOS – É este um dos temas mais importantes da Economia, sobretudo por ser o mais controverso e onde uma maioria dos economistas se deixam arrastar por certas interpretações e a estabelecer regras gerais, partindo apenas de alguns casos particulares. Somos daqueles que julgam que a Economia Política é tanto uma arte como uma ciência. Como ciência, a formação de um método especial para o estudo dos fatos econômicos permitirá obter tais ou quais elementos, capazes de permitir uma bem feita aplicação aos fatos singulares (arte). Há muito de arte na economia, porque sendo ela uma ciência indutiva, suas generalizações são sempre perigosas.
Assim, no referente ao preço, há inúmeras soluções oferecidas pelos economistas, que trazem consigo esse cunho da precipitação. Fórmulas mais ou menos simples, com aparência matemática, podem causar impressão ao leitor desavisado, mas os fatos que decorrem dos diversos e inesperados sucessos, terminam por mostrar que ainda temos muito que analisar na Economia, muito que coordenar para que, finalmente possamos estabelecer uma solução aos magnos problemas que ela examina e suscita. Somos, e reiteradamente o temos afirmado, contrários a toda e qualquer interpretação ou explicação do fato econômico dentro de quadros puramente quantitativos. Para nós, tais interpretações são meramente abstratas, porque deixam de reconhecer e de considerar os aspectos qualitativos e heterogêneos, que dão a individualidade e a singularidade de cada fato econômico, enquanto o aspecto quantitativo mostra apenas a parte de sua generalidade, a qual não esgota, isoladamente, como aquela também isoladamente, uma possibilidade maior de conhecimento, que só pode ser atingida com a concreção dos dois aspectos. Por outro lado, os campos, as esferas de ação de muitos outros fatos, tais como os biológicos, psicológicos, sociológicos, históricos, etc., interferem também no campo da Economia, impedindo que se construa com esta uma ciência abstrata.
A moeda permite uma divisibilidade, porque ela é tomada quantitativamente.
Há uma relação matemática entre o preço e a mercadoria. Se o preço de um quilo de feijão é X, podemos considerar uma relação entre 1.000 g. com X.
Aqui, como um quilo de feijão não é um todo indivisível, pode ser tornada como parte por exemplo 1/2 quilo, ou 500g. Mas se a unidade de mercadoria é um todo indivisível, como um chapéu, o transporte de uma carga, a unidade é definida pela mercadoria ou pela própria prestação. Assim não prestaria um serviço de transporte quem o fizesse até meio do caminho, porque não teria realizado o serviço porque ele é indivisível em sua unidade, nem poderia ser avaliado em suas partes.
É o preço uma relação de troca qualquer, entre as inumeráveis relações de trocas iguais que podemos conceber entre as mesmas unidades. O preço refere-se a uma quantidade invariável, tradicionalmente fixada, de mercadoria ou de serviço.
Assim o preço do pão refere-se sempre ao quilo. O preço do pão é, pois, uma relação de troca entre um número de unidades monetárias, que varia mais ou menos e a unidade, sempre tomada por base, que constitui um quilo de pão. São tais fatos que nos permitem comparar os preços das mercadorias tomadas de várias épocas diferentes.
São tais fatos que permitem estabeleçamos registros estatísticos sobre as variações proporcionais entre os preços. Estabelecem-se índices, que determinam suas variações em porcentagens, a partir de um ano de base. Digamos, por exemplo, que, no ano tal, o preço foi 30 e no ano seguinte 40, no outro 50. Tomando o primeiro ano por base, dá-se um valor de
100 - no 2º ano 133% - no 3º 166%
que representam os aumentos verificados. Nos casos de diminuição, então a percentagem desce à do ano base.
Tem o preço um importante papel regulador, não só no da produção como do consumo.
Quem realiza (digamos, uma empresa) certos artigos, despende, para confeccioná-los, de uma determinada quantia, e temos o custo. Como o homem em geral só obtém, vantagens e bens necessários a si mesmo através da atividade econômica. sucede que se ele trocasse essa mercadoria produzida pelo que lhe custou. permaneceria no mesmo, sem nenhuma vantagem ou proveito. Para obtê-la, ele exige, na troca, não só o montante do custo, mas um excesso, que é seu proveito ou lucro. É por meio do preço que o produtor consegue essa vantagem. É por meio do preço que consegue do consumidor, que lhe dá mais, o que ele deseja para si.
Já vimos que há, no preço, uma relação de troca. Vejamos como se processa essa relação:
1) o preço, resultante de trocas juridicamente livres;
2) o preço fixado pela autoridade pública.
No primeiro caso, pode dar-se o preço entre dois agentes economicamente isolados, que trocam entro si, ou uma pluralidade ilimitada do vendedores e uma pluralidade ilimitada de compradores (e temos aqui o que se chama uma concorrência bilateral perfeita), ou um vendedor e uma pluralidade ilimitada de compradores (eis-nos em face de um monopólio de venda) ou uma pluralidade ilimitada de vendedores e um comprador único (e estamos em face de um monopólio de compra ou monopsônio, como chamam alguns economistas modernos).
As combinações podem ainda variar para um número ilimitado, porque elas se diferenciam, segundo a variedade imensa dos bens que se trocam.
Estamos aqui no que se pode chamar o mecanismo dos preços, porque precisamente é nessas relações entre compradores e vendedores que os preços se formam, variam, aumentam ou descem, segundo as diversas e múltiplas variações dessas relações em função de muitos fatores de ordem social.
É fácil logo perceber que o mecanismo dos preços é complexo e merece, como tem merecido, estudos especializados. É um campo da Economia, que está sendo estudado com o máximo carinho e merece até especializações. Compreende-se desde logo que não poderemos tratar dele senão em seus aspectos gerais, no que interessa logo diretamente ao estudo da Economia em suas linhas mestras.
Antes, porém, de analisarmos as condições econômicas e os fatores diversos, que influem na formação dos preços, fatores determináveis uns, indetermináveis outros, podemos, de ante-mão, estabelecer um campo de ação, onde se processam os preços que apresentam dois aspectos antagônicos. De um lado está quem vende e de outro lado quem compra.
Se quem vende cede um bem em troca de outros, e quem compra também cede, dentro das condições econômicas em que vivemos, quem quer em troca mais do que cede, e quem compra deseja dar o menos possível em troca.
Quem vende tem o custo do que vende e o custo é o seu limite máximo de concessão. Poderá ir até ele, sem perda, sem dar mais do que recebe. Logo, quem vende tem como ponto de referência o custo, que é o limite mínimo. Quem compra (consumidor ou não) tem um limite também determinado por seu potencial de compra (poder aquisitivo), isto pela porção de bens que pode ou quer normalmente abrir mão.
Vejamos agora algumas hipóteses:
a) Se o comprador ou compradores estão na pressão de adquirir.
b) Se o comprador ou compradores não estão nessa pressão.
c) Se o vendedor ou vendedores estão na pressão de vender.
d) Se não estão nessa pressão.
Combinemos essas quatro hipóteses com variações tais como: nos casos a e b, há em relação a eles um ou mais vendedores. E estes variam de grau de pressão.
Vê-se logo que se podem construir inúmeros casos. Acrescentem-se ainda outros fatores como políticos, sociais, históricos e ver-se-á que o mecanismo do preço, isto é o mecanismo que forma os preços, é o mais complexo possível.
É fácil também depreender-se que ficará sempre à mercê do outro o mais necessitado, aquele para quem a operação de troca é inadiável. Os graus dessa pressão variam segundo os inúmeros casos, que se podem formar nessa relação entre quem vende e quem compra. Junte-se a isso a qualidade do bem: a sua conservabilidade. Um bem de deterioração fácil ou rápida, já é por si um fator de inadiabilidade de sua colocação. Atua como pressão e aumenta o grau de pressão. É, portanto, um fator de pressão, que deve ser considerado.
Tomemos agora em consideração um outro aspecto importante para o estudo do nosso ponto. Vendedores e compradores de uma mercadoria ou de um serviço bem definidos, entrando em contato, formulam publicamente sua oferta e sua procura. Determinam, assim, um lugar onde as transações são ligadas umas às outras. Consideram a existência de um mercado. Todos sabemos o que é um mercado, onde vendedores e compradores se encontram, comparam as mercadorias, verificam preços, preferem estas àquelas.
Que se dá nesse mercado? Dá-se uma concorrência. Isto é, a ele concorrem compradores e vendedores. Compradores e vendedores podem correr de um para outro. Tal campo de ação e tal qualidade que oferece o mercado chama-se, em Economia, fluidez do mercado e diz-se que um mercado tem mais ou menos fluidez quanto mais ou menos permitir essa corrida.
Podem os preços serem diversos e vários e a complexidade dos graus e fatores logo nos mostraria que se tal se desse não seria nada de admirar. No entanto, a concorrência, a comparação de uns preços com outros, tende a forçar uma unificação de preços, tende a uma unidade de preços. Pode dizer-se que o mercado tende a uma unidade de preços. (Note-se que tal se dá, primacialmente, no mereado ocidental). Já na índia tal não se dá nos mercados populares, onde os preços variam, e não se busca homogeneidade neles. É que ai interferem fatores de ordem pathica (afetiva), de influência quase religiosa. porque a mercadoria não é apenas o que ela é em si, mas traz também valores de ordem diferente da ordem econômica, tais como religiosos, místicos, etc., que ultrapassam o campo de nosso trabalho.
CONCORRÊNCIA NOS PREÇOS - Pode dar-se o nome de preço de concorrência à unidade de preço que surge no mercado, ao concorrerem os diversos preços desejados. O mecanismo é demasiadamente complexo, embora não o pareça para muitos. Mas, como teremos que permanecer forçosamente dentro das generalidades, podem dar-se diversas condições nesse mercado.
Vejamos: a) o número dos que desejam vender e as ofertas que fazem podem ser superiores à procura dos que compram; b) a procura dos que compram pode ser superior à oferta dos que vendem; c) pode dar-se um equilíbrio mais ou menos estável entre ambas.
Temos, então, duas novas figuras, compendiadas nos termos oferta e procura, cuja relação é variável. Ora Oferta>Procura, ora. Procura<Oferta; ora Oferta = Procura.
Em outros termos: ora a oferta é maior que a procura, ora a procura é maior que a oferta, Ora estão num equilíbrio do mercado mais ou menos estável.
Todo vendedor, como todo comprador, tem um preço limitado desejado, como já vimos.
Tais fatos são facilmente observáveis, como se verificou também que, em principio, a oferta é tanto maior e a procura tanto menor, quanto mais elevado é o preço, e reciprocamente. Dizemos em princípio, porque há variações. E já chegaremos até lá. Não podemos deixar de estudar antes o que se chama de lei da oferta e da procura, tão cara a tantos economistas, que a consideram uma invariante nos factos econômicos.
Se admitirmos que num determinado estado do mercado, existe um preço único e necessário, tôda variação no mesmo se manifesta por uma variação correspondente do preço. Se a oferta diminui, sem que varie a procura dos compradores na mesma proporção, mostra-nos a experiência que o preço do mercado se orienta para a alta. Se a procura dos compradores aumenta, sem que a oferta proceda de igual modo, haverá também alta. Então se conclui que tôda modificação na relação entre a oferta e a procura provoca uma mudança no preço, na sentido da alta ou da baixa, segundo é a quantidade procurada superior à quantidade oferecida ou a quantidade oferecida é superior à quantidade procurada.
Essa é, em suas linhas gerais, ' que se denomina a lei da oferta e da procura.
Verifica-se ainda que a alta dos preços estimula a oferta e modera a proeura, e reciprocamente. Pode-se notar nessa interdependência da quantidade e do preço, o principio que, através das oscilações sucessivas, assegura o equilíbrio do mercado, eque as modificações surgidas nos dados iniciais do mercado, já considerado estático, tendem a realizar novo equilíbrio, e assim sucessivamente.
Tal sintetização é, porém, generalizante, pois inúmeros fatores intervém para modificar o grau de intensidade de tais modificações. E a complexidade desses fatos é de tal monta, que se torna impossível, aqui, uma análise de todos os casos, nem dos mais numerosos, mas apenas de uma explanação teórica (geral, portanto), que permita dar uma visão panorâmica da influência variável dos covariantes, que intervêm no mecanismo dos preços, como já estamos fazendo e pretendemos continuar.
O que nos mostram também os fatos é que uma elasticidade da oferta e da procura e também uma interatuação. Pois se a relação entre a oferta e a procura funciona sobre o preço, este depois de formado, atua., funcionando sobre a própria oferta e a procura. Há, assim, uma reciprocidade de atuação.
A elasticidade da oferta e da procura tem seus graus. Pode ser maior ou menor, isto é, mais intensa ou menos intensa, como mais extensa ou menos extensa.
O custo de uma mercadoria já o vimos, varia segundo a quantidade produzida,
Podemos nos encontrar em face de duas situações: a) se o rendimento da produção é proporcionadamente menor que o normal, temos, então, um crescimento do custo, e, no caso inverso, uma diminuição do custo, ou nos caros normais um custo constante.
Se o preço do mercado depender do custo, pode ele elevar-se ou abaixar-se em função das quantidades produzidas e oferecidas.
Há, aqui, portanto, um aspecto novo, que pode contrariar a lei da oferta e da procura. Admitamos que a procura de um produto aumenta. Ante essa procura. o produtor desenvolve tecnicamente sua produção e pode baixar o custo das unidades, podendo oferece-las ao mercado em maior número e a menor preço. Tais fatos têm sucedido com os automóveis. Mas, aqui, embora não o julguem certos economistas, há combinações de vários fatores, entre os quais permanece em pé a lei da oferta e da procura.
O preço elevado do automóvel faz desinteressarem-se muitos compradores que o procurariam em condições diferentes e favoráveis. A procura de uma parte permite ao produtor melhorar a produção, aumentando-a e diminuindo o custo. Neste caso, ele não o faz apenas para atender aos que procuravam, mas aos compradores potenciais que surgirão com a redução do preço. Dessa forma, diminuindo o preço da oferta pode aumentar a procura. A procura permitiu aumentar a produção, mas a baixa do preço permite aumentar a compra (procura). Neste caso, a lei da oferta e da procura não foi negada, mas apenas estimulou uma transformação qualitativa e quantitativa do mercado.
Não é fácil definir-se o custo com precisão, pela simples razão de intervirem nele fatores dos mais diversos.
Quem executa um serviço, digamos um indivíduo que trabalha, isoladamente, sem capital, mede o seu custo pelo esforço pelo trabalho, mas põe este em relação com as suas necessidade, que devem ser atendidas. Quem, no entanto, emprega instrumentos e materiais
e materiais de trabalho de outrem pode melhor medir seu preço de custo, pelo que ele deve dar em troca, que, numa economia de moeda, pode ser medido pela totalização das somas despendidas. Mas, quando é o produtor proprietário dos meios de producção, deve calcular o desgaste de suas máquinas, a amortização necessária, que é muitas vezes calculada arbitrariamente, por encontrar dificuldade numa precisão.
Por isso se diz que o custo é uma realidade flua, com graus, naturalmente, de fluidez, sem que isso implique qualquer redução de sua realidade, mas apenas à sua precisa delimitação. Assim o custo dos produtos agrícolas é menos preciso que o da produção industrial e do comércio. Por isso se dão variações maiores quando se trata do mercado de gêneros agrícolas do que do de gêneros manufaturados.
Geralmente os gêneros agrícolas não têm um preço de oferta preciso. Esperam muitas vezes a procura, a abertura do mercado. Depende o seu preço da quantidade da abundância e das flutuações naturais do mercado. Já o mesmo não se dá no mercado dos bens manufaturados, cujo custo preciso, permite que quem vende dê seu preço ao ofertar. Aqui, se a produção aumenta, temos os casos citados anteriormente, que podemos exemplificar com os automóveis, que o aumento da produção permitindo uma diminuição no custo, permite uma oferta mais baixa.
Conclusão: enquanto são mais variáveis os preços dos gêneros agrícolas, são menos variáveis os preços dos gêneros manufaturados.
FIXAÇÃO DOS PREÇOS PELA AUTORIDADE PÚBLICA - As relações de troca, determinadas, sobretudo, por contratos livres, como já estudamos até aqui, podem ser também estabelecidos pela autoridade pública.
O Estado também intervém nos preços e fixa-os, no intuito de evitar abusos. Numa economia dirigida, o Estado intervém não só quanto aos preços, mas também quanto à distribuição dos produtos. Essas intervenções em economia liberal se dão com o intuito de estabilizar os preços e evitar o lucro exagerado.
Vários são os processos empregados pelo Estado para atingir esse objetivo: a) taxação simples; b) criação de um monopólio do Estado; c) organização da mercado,
Procede ainda o Estado medidas contra a baixa e contra a alta, segundo os casos.
Temos o exemplo entre nós da café. Houve uma política de valorização em diversos momentos, procurando elevar o seu preço, evitando a baixa. Como o café é um produto mais de exportação que de consumo interno, essa alta depende do mercado internacional. Pode a alta ser conseguida pela menor oferta em face da maior procura, mas medidas desse gênero, realizadas já em outros países, terminam por ser inoperantes.
Pode-se ainda evitar a baixa pelo desenvolvimento da procura. Neste caso, o Estado pode adquirir parte da produção com o intuito de aumentar a procura no interior ou facilitar a exportação, concedendo vantagens de toda espécie aos produtores ou aos consumidores.
A alta pode ser evitada pelo Estado, lançando no mercado estoques em seu poder ou abrindo as portas à importação. Temos o exemplo durante a primeira grande guerra na França, em que o Estado instalou barracas para vender gêneros alimentícios a preços baixos, a fim de evitar a alta que se processava.
Há interdependência entre os mercados. E os exemplos são simples. Certos produtos, quando na alta, podem aumentar o preço de outros. O aumento do milho pode levar ao aumento da carne. Há um laço estreito ligando o mercado de gado com o de cereais.
Pelas estatísticas, notam-se que há grandes movimentos do preços. Podemos verificar facilmente ao examinarmos o século passado.
De 1820 até 1850, tivemos um período de baixa na Europa; de 1851 a 1913, um período de alta, para sobrevir, de 1814 a 1896 um novo período de baixa. De 1891 em diante, tivemos outro período de alta, que prosseguiu até 1914 e, dai, até 1920, de 1922 até 1933 houve um período de baixa, sobrevindo, depois, outro período de alta.
A AÇÃO DA MOEDA NA FORMAÇÃO DOS PREÇOS - O papel da moeda (vide) é facilitar a troca, e significar todos os fatos econômicos, e deixa ela de ter seu verdadeiro valor quando a troca não é por ela facilitada. Se a moeda facilitar a troca, também facilita a formação do mercado e a formação do preço. A intervenção da moeda permite que o mercado se forme, porque ela serve de denominador comum. Do contrário, as trocas seriam dificultadas, pois quem tivesse trigo e desejasse batatas, teria que procurar quem tivesse batatas e que desejasse trigo ou procurar um terceiro que desejasse trigo, mas que tivesse centeio e que esse centeio fosse desejado por quem tivesse batatas para trocar pelo centeio, e o centeio desejado por quem desejasse batatas e aceitasse trocá-lo por trigo. Se entre os três tais combinações não fossem possíveis, teria de intervir um quarto ou quinto e assim sucessivamente complicando a troca. A presença da moeda para a troca facilitou-a e deve, portanto, continuar um dos seus papéis, que é de facilitar a troca.
Com a moeda, o mercado pode ser organizado, pois nele iremos procurar o que desejamos, tendo apenas a moeda para trocar o que quer que seja.
A moeda permite assim que os preços se equilibrem, bem como o próprio equilíbrio do mercado. Escreve Nogaro: “ ... num mercado de concorrência, quando a procura aumenta, a oferta permanecendo constante, o preço do mercado tem a tendência a subir, e, ... quando ela diminui, há tendência a baixar. Ora, numa economia em que a moeda está em uso, um aumento da procura se traduz por um. aumento da moeda, que se apresenta no mercado, e reciprocamente, podemos então dizer que, ... quando a quantidade de moeda aumenta, os preços sobem (em outras palavras o valor da moeda baixa) e que a inversa se produz em caso contrário.»
Assim uma variação da matéria provoca uma variação, da mesma forma, do nível dos preços; isto é, em sentido contrário, uma variação do valor da própria moeda, que pode trocar-se mais ou menos. Esse é o enunciado da teoria quantitativa.
Muitos autores afirmam que as variações de preço são proporcionadas à quantidade de moeda.
As teorias formuladas baseiam-se em fatos, atendem aos fatos, mas, como neste terreno penetram inúmeros fatores, todos os estudos feitos pecam por unilateralidade, sem que isso desmereça totalmente os grandes e notáveis esforços despendidos.
Para finalizar, desejamos apenas dizer que todos os governos que controlam a moeda, procuram, por todos os meios, que ela corresponda perfeitamente às necessidades da troca, evitando, dessa forma, os exageros da inflação ou da deflação, isto é, quando há presença excessiva de moeda ou falta excessiva da mesma. No primeiro caso, temos a alta de preços como decorrente da desvalorização da moeda; na segunda, temos a aparente baixa de preços, mas redução da solvabilidade, que traz, como conseqüência, um mal tão grande como o primeiro ou pior.
Entretanto, pode dizer-se que o destino ou a direção tomada pela moeda através do crédito pode trazer benefícios ou malefícios. Um crédito exagerado a favor do consumidor pode levar à inflação e à alta de preços. Se o consumidor tiver mais moeda do que a produção, os preços subirão, porque a procura será maior que a oferta. Se o produtor receber, pelo crédito, mais moeda e a empregar na produção, esta aumentará em quantidade e melhorará em qualidade, retornando parte ao consumidor (salários, etc,), aumentando proporcionalmente, o consumo.
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