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Ensaio de Reflexão Literária

 

NO ACTO DE ESCREVER

Jorge Humberto

Eu não sei se escrevo que penso ou se penso que escrevo.

Tenho consciência que escrevo o que me dita a alma e que escrevo para os outros, como forma de lazer ou de pura reflexão. Acho que escrever é exercitar o nosso penasamento assm como é uma dívida que eu tenho para com os leitores.

Se alcanço o que me proponho não sei, mas apraz-me que haja quem me leia e comente minha obra com toda sinceridade.

Em tudo o que faço ponho o máximo de mim sem me escusar a qualquer esforço nem esperar nada em troca que não seja a humildade de meus leitores e a dignidade dos críticos.

Sou feito de intuição e observação, e sempre procuro a perfeição para os meus escritos. Sei que é algo impossível, mas não consigo fugir a esse enlace, que me domina contextualmente.

Escrever para mim é uma responsabilidade a que nunca fujo e sinto orgulho por dizer que nunca deixo nada ao acaso nem faço descaso daquilo que escrevo pois respeito muito quem me lê.

Como qualquer escritor e poeta, sou um pouco de sozinho não de solidão, embora às vezes seja apanhado no meio de um turbilhão de sentidos que me perdem por momentos e me duvidam enquanto ser consciente de muitos. Sou introspectivo e razoavelmente razoável, mas não faço da razão meu senhor.

Sonhador o quanto baste acredito no bom senso do ser humano e dou-lhe a margem de dúvida suficiente para poder errar, o que não suporto é as pessoas incorrerem no erro sistematicamente por omissão ou despreendimento de suas responsabilidades.

Multifacetado escrevo de tudo um pouco, mas a poesia livre cativa-me acima do restante. Quando escrevo tento encontrar-me e encontrar o cimentar de uma base que me faça entender perante os demais que como eu apreciam a cultura escrita.

Não escreve quem quer, escreve quem tem intuição e é socialmente preocupado com as coisas que precisam ser esclarecidas na posse de todas as suas faculdades inerentes ao bom entendimento.

Assumo o acto de escrever como um trabalho digno de ser realizar e de ser socialmente aceito como ferramente para atingir diversos fins. A escrita é abrangente e percorre muitos caminhos até chegar aos seus leitores, que procuram na leitura uma forma de se sentirem esclarecidos e devidamente avisados, quando a preocupação é sócio cultural ou de puro ócio. É um prazer que se constrói intimamente mas sempre ligado a quem futuramene lê o que se acabou de escrever.

Escrever é um acto de crescimento para o seu autor e é uma forma de valorizar a vida. Não sei porque escrevo mas sei porque devo escrever: acto contínuo de minha responsabilidade perante os menos esclarecidos.

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Fonte:www.gargantadaserpente.com/artigos/jorge_humberto5.shtml (27/6/2012)

Jorge Humberto
Nascido numa aldeia Portuguesa dos arredores de Lisboa, de nome Santa-Iria-de-Azóia, filho único, cedo mostrou a sua sensibilidade para as artes, e apurado sentido estético. Nos estudos completou o 6º ano de escolaridade, indo depois trabalhar para uma pequena oficina de automóveis, no aprendizado de pintor-auto. A poesia surgiu num processo natural da sua evolução enquanto homem, e a meio a agruras e novos caminhos apresentados, foi sempre esta a sua forma de expressão por eleição. Autodidata e perfeccionista (um mal comum a todos os artistas), desenvolveu e criou de raiz 8 livros de poesia, acumulando ainda mais algumas centenas de folhas com textos seus, que esperam inertes num fundo de gaveta a tão desejada e esperada edição, isto num país onde apostar na cultura, é quase que crime de lesa pátria.

 

 

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