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Grandes entrevistas históricas

Marconi

 

Entrevista conduzida por Kate Carew, publicada originalmente no New York Tribune,  de 14 de abril de 1912 e republicada no livro ALTMAN, Fabio. A arte da entrevista. São Paulo: Scritta, 1995, de onde foi extraída.

 

* * *

 

Guglielmo Marconi (1874-1937), físico italiano, inventor do telégrafo sem fio, nasceu em Bolonha. Realizou suas primeiras experiências com apenas 20 anos de idade. Em 1898, Marconi transmitiu pela primeira vez sinais de rádio entre a França e a Inglaterra e, alguns anos depois,conseguiu fazê-lo cruzando o oceano Atlântico. Em 1931, as luzes da estátua do Cristo Redentor, no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, foram acionadas à distância pelo inventor italiano a partir de um barco no litoral italiano. Marconi e seu parcei­ro, o alemão Karl Braun, receberam o Prêmio Nobel de Física em 1909.

Kate Carew é o pseudônimo da caricaturista Mary Williams Reed, que escreveu diversas entrevistas para o New York Tribune e para o jornal World, invariavelmente ilustradas com seus próprios traços.

 

* * *

 

Se para ser um gênio só for preciso ter uma paciência ilimitada, então, asseguro-lhes, meus caros, que o senhor Guglielmo Marconi não é o único que pode escrever OC (as iniciais que designavam o Grande Oficial condecorado pela Coroa Italiana) depois de seu nome ou ser mencionado em conversas corriqueiras como amigo de reis. Por três dias - três longos, ah, muito longos dias - fiquei no jardim de espera da Holland House, comendo e dormindo, a intervalos fixos.

Ao final do terceiro dia, o secretário do senhor Marconi apareceu e me disse: "Acho que posso conseguir logo a entrevista, mas você precisa me prometer que ela não vai durar mais do que quinze minutos." Prometi, sem hesitar.

Pouco tempo depois, ele retornou. "Tenho que pedir-lhe que não demore mais de dez minutos." Prometi, hesitando um pouco. Mais tarde: "Sinto muito, senhorita Carew, mas só posso conceder-lhe cinco minutos com o senhor Marconi. Ele está extremamente ocupado. Prometa-me que não ficará por mais tempo."

"Oh, olhar para ele", eu sofria, "só uma olhada". No caminho o secretário me falou de seu divertimento com o blefe dos americanos que dizem viver sobrecarregados de trabalho. "Pois sim, eles fazem um alarde sobre isso, e parecem encontrar tempo para tudo."

Enquanto isso, imaginava: "O que posso dizer em cinco minutos?" Então lembrei-me de ter ouvido o  trinado de uma jovem que fora apresentada ao senhor Caruso recentemente: "Oh, senhor Caruso, o senhor canta maravilhosamente." Pensei em dizer algo parecido como introdução.

"Oh, senhor Marconi, o seu telégrafo sem fio é tão interessante:' Ele se curvaria em agradecimento como fez o senhor Caruso, e eu poderia acrescentar: "Ele fez uma grande diferença em nossas vidas domésticas." Nessa hora o secretário estaria gesticulando pontos e hífens no ar freneticamente, e eu saberia que era a hora de terminar. Na verdade, eu disse o seguinte, em resposta à minha mágoa: "Foi um longo tempo, senhor Marconi, mas creio que a minha profissão é como a sua, ela requer muita paciência”.

 

- O famoso inventor não demonstrava a pressa  que seu fingido secretário havia anunciado. Ele esperou confortavelmente que eu me instalasse e colocasse os aparatos para a entrevista em um lugar fixo, e depois respondeu com um sorriso indulgente, cordial:

 

Sim, certamente. Uma das primeiras coisas que um cientista precisa ter é paciência.

 

Conectamos nossos fios aos postes de pergunta e resposta e começamos a trocar mensagens. Perguntei:

 

- O senhor acredita que a energia para o uso comercial, como a do Niágara, por exemplo, será transmitida pelo rádio?"

 

Ele começou imediatamente a fazer linhas em ziguezagues, ondas no estilo Marcel - não, quero dizer hertziano - sobre a mesa enquanto falava. Esse foi um gesto que repetiu durante toda a nossa conversa.

 

Ela já foi transmitida experimentalmente. Talvez isso não aconteça intei­ramente em nosso - desenha ondas de desculpas em meio às outras - em meu tempo, mas é certo que acontecerá. O senhor Tesla está trabalhando nessa questão agora.

 

- É algo espantoso até para se pensar, não é?, falei num tom agudo.

 

Sim, é.

 

Ficamos em silêncio por um instante, nossas vibrações sintoniza­das no canal da imaginação e do entusiasmo. Voltei à realidade antes dele, e usei a pausa para tomar notas da aparência do senhor Marconi.  Ainda existe algo da colegial em mim, porque eu simplesmente ignorei que um homem tão famoso e envolto em ações tão raras, que está mudando as forças elementares para o uso do homem e dando nome e residência a coisas não substanciais, teria uma aparência real - olhos escuros e luminosos, soltando contínuas faíscas, cabelos prematuramente brancos, embranquecidos pelas vigílias noturnas, o corpo, um mero motor humano, carregado de força psíquica, ascético, rarefeito. O homem à minha frente é de estatura mediana, com ombros largos, do tipo encorpado. E apesar de ter antepassados italianos, você diria, "Oh, um inglês", se lhe pedissem para classificá-lo.Tem a cor dos anglo-saxões em vez da dos escoce­ses, alourado, os olhos cor de avelã mesclados de cinza, pequenos, mas atentos. Os músculos são firmes, indicando uma vida ao ar livre. Ele tem o queixo bem definido, a boca generosa, bem delineada, a testa larga, à mostra. Aposto que ele foi um jovem obstinado, pensei. Não há nada de místico em sua aparência e nada do inflexível e agressivo homem de negócios de voz metálica. Seu rosto - se considerar emoção e movi­mento como uma só coisa - é inexpressivo, mas cheio de pensamentos, retidão, propósitos. Dos cabelos sedosos, penteados para trás, aos lustrosos sapatos mar­rons, ele é absolutamente moderado na aparência externa. Aparentemente, não se leva tão a sério, está muito ocupado com as coisas grandes para se ocupar com as pequenas. Suas palavras, bem articuladas, só têm um pequeno traço da influên­cia estrangeira, muito vaga para ser identificada; não é mais evidente que a dos garotos ingleses ou americanos educados nas escolas do continente europeu. Para finalizar, o senhor Marconi aparenta ser muito mais o empreendedor do que o sonhador. Perguntei-lhe, lembrando-me dos três dias que o persegui até sua toca e fiquei à espera:

 

- Quantas horas por dia o senhor trabalha?

 

Não chamo o assunto que me trouxe aqui, a ação judicial com a Wireless Telegraph Company dos Estados Unidos, de trabalho propriamente, mas quando estou fazendo experiências, eu às vezes passo sete, oito, dez, 14 e até 16 horas a fio trabalhando. Disse o último algarismo com tal entusiasmo que parecia querer voltar imediatamente para a sua lei trabalhista de 16 horas por dia. Quando estava em Terra Nova, tentando entrar em contato com Poldhu, Cornwall, a duas mil milhas de distância, trabalhei por vários dias quase sem descanso.

 

As mãos do senhor Marconi não se harmonizam com o resto de sua aparência robusta. Elas são artísticas e bonitas. Quando batia ocasionalmente o código Morse, S... , e continuava com seus ziguezagues hertzianos, eu as olhava, fascina­da. Elas são as únicas características que nos fazem imaginar o mago, o ser sobre­natural, fazendo suas palavras voarem acima das águas agitadas, ao mergulhar postes e mastros sobre ondas tempestuosas, por entre os bandos de pássaros marinhos, das dunas de areia aos centros das civilizações. Elas insinuavam diversas perguntas. Uma delas foi:

 

- O senhor reserva um tempo para relaxar?

 

Reservo, eu gosto muito de dirigir e de música. Tive uma sóbria educação musical. Tocar piano foi de grande utilidade para mim cientificamente, pois apurou meus sentidos para os sons delicados e harmoniosos.

 

- E a sua rotina diária?

 

Às oito, levanto. Oito e meia, tomo café. Às nove, trabalho.

 

Essa última palavra, que ocupava a maior parte de sua vida, fez-me perguntar-lhe, com um suspiro:

 

- O senhor nunca·se cansa do trabalho?

 

Fisicamente, sim. Mas nunca de minhas experiências.

 

Nesse aspecto o senhor Marconi se parece o senhor Edison, que certa vez me disse nunca se cansar do seu trabalho. Isso parece um pouco estranho para nós, mulheres. Nesse elétrico momento, meus sensoriais nervos auditivos detectaram um sinal do tipo Br-r-r-r e faíscas sulfúreas que pareciam sair de uma bateria mental em desespero. Acomodei-me melhor. Um dos objetivos do sistema Marconi é dar assistência, através da ciência, àqueles que estão em alto mar sob densa neblina. Foi o que ele fez. O inventor, lançando um olhar tranqüilizador por sobre os om­bros, deu-me um sinal inaudível para continuar.

 

- Que tipo de garoto o senhor foi? - perguntei. Interessado em ciência?

 

Sim, tremendamente. Comecei com as experiências quando tinha sete anos. Fiz o meu primeiro teste com o rádio quando tinha dezenove anos.

 

Sou uma admiradora dos atritos domésticos.A história mostra muito poucas crianças solitárias que chegaram ao sucesso. Então perguntei:

 

- Um irmão mais velho pode servir como inspiração?"

 

Eu tenho um irmão mais velho - o tom e a expressão jovial poderiam ser interpretados como meu irmão camarada! - Não sei se ele foi uma inspiração, mas teve grande influência, embora sua inclinação fosse para a agricultura e os negócios. Mas ele sempre foi um simpatizante da minha atividade.

 

- E a família - tolerante?

 

Só isso, no começo. Eles achavam que eu tinha uma grande imaginação, e a minha idéia, quando garoto, de enviar mensagens através das colinas em nossa casa na Itália não os deixava tão admirados a ponto de perderem o sono, mas não puseram obstáculos em meu caminho. O que considero uma grande coisa, e logo que as minhas experiências foram levadas a sério, ficaram muito orgulhosos e felizes.

 

Gostei dessa conversa que trazia recordações, e assim, fiquei quieta, porque me disseram que, se você mudar o refletor um pouquinho, a mensagem será cortada.

 

Ora, você pode achar que sou um tremendo egoísta, que confio muito em mim mesmo, mas confesso a você que sempre acreditei em mim, sempre sonhei que iria ser alguém - fazer o mundo falar do meu trabalho. Acho que todos os garotos pensam assim sobre si mesmos, mas creio que acreditei um pouco mais do que a maioria deles acreditam.

 

Os ziguezagues vinham em minha direção, estremecidos e confiantes.

 

- Agora que o senhor está em uma posição vencedora, não acha que um garoto deveria se sentir desse modo? Falei em um fio de voz.

 

Acredito que essa é a qualidade que salva o temperamento sonhador.

 

- Quando criança, o senhor foi inspirado pelo trabalho de algum cientista em particular? O senhor Marconi caiu em um abismo de pensamentos, do qual emergiu logo a seguir.

 

Não me recordo de ter havido alguma influência especial, mas, diferente de muitos cientistas, eu sempre tive um grande interesse pelas experiências e descobertas feitas por outros."

 

O secretário passava de uma porta à outra. Ele me lançou um olhar, no qual li que ele me considerava o protótipo correspondente a Bramley. Não me importei. Não queria desconectar enquanto o senhor Marconi continuasse falando. Fin­gi ignorar a expressão magoada de fé destruída. Ah, esses secretários, que sabem que eu sou uma enganadora. Se eles se reunissem para me julgar, meu estoque de palavra-de-honra não valeria o papel onde foi escrito. Fiz a pergunta, totalmente insensível ao sofrimento ao meu redor:

 

- O se­nhor sonhava com o rádio desde o início?

 

Não; não acho que sonhava. Tinha a idéia de aproximar os países, de unir os lugares remotos aos grandes centros, mas era tudo tão vago... Ao transformar essa distante ambição em palavras, parece que eu queria empenhar-me em um tipo de trabalho científico que me mantivesse viajando.

 

- Então o romantismo existe? - perguntei com aquele tom de "eu não dis­se?" Voltamos à colegial do início da conversa.

 

Romantismo! acho que sim. Um fogo interno iluminou o rosto dele. Não faltava emoção agora. Os dedos agitados traçavam ondulações como as que po­dem ser feitas por uma aranha marinha gigante.

 

Quando eu sair daqui viajarei por cinco dias para o centro da região agreste do Canadá. É estimulante rever Nova Iorque, mas estou ansioso em voltar para o rádio. "Voltar para o rádio." Seguramente essa é uma boa tradução para a palavra quase intraduzÍvel, wanderlust (desejo ou vontade de viajar, em inglês).

 

- O senhor adora o Além!?", quase sussurrei. Tinha medo de que o Marconi poeta voltasse a ser o Marconi inventor.

 

Sim, certamente. Aquelas vastas extensões de mar e terra; aquelas vagas linhas dos horizontes. É junto delas que você passa os maravilhosos momentos da vida. Sua imaginação olha de frente para o infinito, e você decifra infinitas possibilidades. Como disse Tennyson, Você vê as maravilhas do mundo e todas os milagres possíveis.

 

Sob aquela quietude, aquela imensa quietude exterior, pude compreender a força de sua imaginação e a sua vontade de transformar os sonhos em realidade.

 

O lado humano também é interessante, acredito"? - perguntei, deslizan­do das alturas.

 

Muito. Bem peculiar. Novos tipos. Alguns inteligentes, outros nem tanto. Outros ainda, urna perda de tempo."

 

- Os nativos o levam a sério?

 

Eles precisam fazê-Io. Em alguns dos postos mais distantes, nas pequenas bases, tenho que depender da ajuda dos nativos. Tenho que instruir as pessoas, confiar nelas quando vou embora, inspirar-Ihes confiança. Essa não é a parte menos interessante do meu trabalho, posso assegurar.

 

Pensei em todos os lugares pouco conhecidos com os quais o nome Marconi está indissoluvelmente ligado. Penarth e as planícies de Salisbury, Alum e as baías de Glace, Wimereux e outras. As paredes da sala sumiram por um instante e pude visualizá-lo nesses lugares - em um cenário mais adequado. Quis perguntar-lhe algo tolo sobre o palco do rádio, mas o contraste entre o palco da Broadway e a imensidão desse outro mencionado por ele, onde os dra­mas da Natureza são apresentados, onde as poderosas forças primitivas são usadas em vez de meros truques teatrais, impossibilitaram a pergunta. Então, perguntei:

 

- As máquinas voadoras roubaram a sua..., hesitei entre raios e trovões, com receio de uma interpretação ambígua. O senhor Marconi logo respondeu:

 

Estive em um deles com alguns materiais, mas estávamos tão interessados olhando o aeroplano que esquecemos o rádio.

 

- Quando o ar estiver repleto de aviões, como previsto, a presença de tantas forças mecânicas irão interferir com as vibrações do rádio?

 

Nem um pouco.

 

- Qual foi o país que mais ajudou o senhor, financeiramente, e receptivamente?

 

A Itália em ambos os casos

 

- O senhor acredita no espiritualismo?

 

Acredito, mas não me aprofundei em seu estudo.

 

- O senhor acha que está chegando o momento em que dispensaremos os métodos comuns de comunicações, tais como telefones e cartas? O senhor Marconi com certeza possui o poder da penetração. Pude perce­ber isso muito bem.

 

Certamente que sim! Seremos capazes de sintonizar nossas mentes. Tenho certeza. Já fazemos isso agora, até certo ponto, mas algum dia, quando for a um restaurante e o garçom lhe perguntar: Sozinha? você dirá: Ah, não, eu espero alguém. Você enviará uma ou duas ondas e logo este certo alguém irá aparecer.

 

Ele riu da expressão de espanto em meu rosto. Por isso contive o meu deleite.

 

- E se outro alguém estiver me chamando ao mesmo tempo?

 

Ah, mas você pode receber e transmitir simultaneamente, você sabe. Respondeu ainda mais divertido. Nos divertimos muito com esse pequeno almoço. Depois perguntei:

 

- Vamos supor que eu não me lembre do que o senhor disse nessa entrevista. Se eu enviar uma onda, o senhor a receberá e enviará a resposta?

 

Não vou prometer. O gracejador voltou a ser o inventor. Ainda não fomos tão longe. A telepatia continua sendo uma promessa em vez de uma realização.

 

- Os fios telefônicos serão finalmente abolidos?

 

As primeiras experiências foram bem sucedidas. Quando se percebe que antes de 1898 o rádio não havia alcançado duas milhas, o que mais poderá ser prognosticado com segurança?

 

- O senhor se entusiasmou com o primeiro salvamento feito em pleno mar com o auxílio do radiotelegrafia?

 

As ondas hertzianas estão muito calmas e serenas agora, foi permitido à superfície da mesa descansar. A serenidade do meu vis-à-vis está mais acentuada do que nunca. Não há dúvida de que o senhor Marconi é um verdadeiro leão. Não há dúvida também de que ele não é do tipo que rói as grades da jaula.

 

Vou desapontá-la, não senti excitação, vibração ou êxtase, não mais do que sinto agora. Não achei isso muito lisonjeiro. Isso já acontecera em minha mente um milhão de vezes e quando finalmente veio a realidade, ela não significou nada, exceto pela gratificação de ter salvo vidas.

 

- O senhor está trabalhando em novas invenções?

 

Várias. Tenho agora no registro de patentes as anotações para uma bússola radiotelegráfica que, acredito, irá eliminar todos os riscos que os nevoeiros ofere­cem. Ela foi exposta em detalhes nos jornais.

 

- Quando o senhor espera que o rádio atinja o mundo todo?

 

Não posso responder a isso

 

- A curvatura do globo terrestre apresenta alguma dificuldade?

 

Até o momento nenhuma

 

- Qual foi a maior distância que uma mensagem transmitida pelo rádio alcançou até o momento?

 

Da Grã-Bretanha até a República Argentina.

 

- É mais rápida que os cabos elétricos?

 

Do transmissor ao receptor eu acredito que o rádio é um pouco mais rápi­do, mas as dificuldades comerciais de enviar mensagens através do rádio tornam ambos os métodos equivalentes.

 

- Qual é o preço comparativo?

De Nova Iorque até Londres, o custo das mensagens por palavra é de 15 centavos para o rádio e 25 para os cabos.

 

- E o tempo exato?

 

Frações de segundos.

 

Quando a infeliz palavra tempo foi mencionada, o secretário, como o gê­nio da lâmpada, apareceu de repente. Era fácil perceber que estava fora de seu amistoso limite de alcance. Ele enviou perigosos sinais pelo éter, e o senhor Marconi captou um impulso oscilante referente aos cinco minutos que eu havia prometido não exceder. Minha mente, perfeitamente sintonizada, captou a freqüência do adeus. Levantei instintivamente e, enquanto apertávamos as mãos, a impressão que tive no início foi seguramente enfatizada, de que todas as coisas boas que os admiradores dizem sobre o senhor Marconi são verdadeiras. Ele tem como atributos uma infinita paciência, uma observação perspicaz, uma habilidade prática, uma imaginação ativa. Ele, o fazedor e o sonhador: o homem de ação e o poeta. E, quando surpreendi a maliciosa piscadela em seus olhos, adicionei à sua longa e bem merecida lista, a qualidade que faz desse homem, mesmo o famoso inventor, o O.C. e amigo de reis, um bom camarada.

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