"A atividade jornalística é prejudicial e benéfica a um aspirante a escritor. Prejudicial porque apropria-se do tempo prático e psicológico necessário para exercer, plenamente e com vagar, a literatura. É prejudicial porque deprime saber que não se vive de literatura. Porque fecha horizontes. É benéfica por proporcionar instrumentos valiosíssimos para o trato do texto, para a capacidade de concisão. O espírito de ‘edição’, transposto inteligentemente para o universo literário, fornece uma visão ‘espacial’ da estrutura do trabalho que facilita sua concepção e o seu acabamento... Para conciliá-las, tive que mudar minha trajetória no jornalismo, que estava sendo conduzida para uma carreira de executivo e, após uma guinada, voltou-se para o ato de escrever com certa liberdade de rotina, o que facilitou as coisas (refiro-me ao momento em que me tornei repórter especial). Paralelamente, faço um pouco de música e tenho desenhado muito, em pastel e materiais mistos. A nova rotina permitiu que encontrasse mais tempo para dedicar tanto à literatura quanto, homeopaticamente, a estas atividades muito mais prazerosas que jornalismo e literatura que, por vezes, funcionam como válvulas de escape das indescritíveis pressões (e depressões) advindas da atividade de escrever.
Fonte: COSTA, Cristiane H. <www.penadealuguel.com.br>, 28 de julho de 2006.
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