"Há quem defenda que letra de música não é poesia. Mas isso é uma coisa discutível. Se a letra que o Chico Buarque faz não é poesia, aí eu paro de escrever. No meu livro inédito Poesia de Música eu tento mostrar que não existe diferença. Os versos podem ser lidos ou musicados. A poesia começou com os trovadores. Não começou escrita, mas cantada. Poesia e letra são irmãs, sempre andaram juntas. Existem letras que só funcionam dentro da melodia. E poemas que não soam bem quando musicados. Mas tudo é poesia... Eu comecei fazendo letras para músicas prontas. Como faço também melodias, meus versos são muito musicais. Então, muitas poesias que eu faço acabam sendo musicadas pelos meus parceiros. Mas eu gosto mais quando coloco letra na música que me mandam. Acho mais estimulante e trabalho mais desse jeito... O João Felício dos Santos foi um dos grandes mestres da literatura brasileira, autor de Ganga Zumba. O Câmara Cascudo também foi muito importante. Conheço muito a obra dos dois e muita coisa que tem no meu novo livro (Atabaques, Violas e Bambus) aprendi com eles. A parte dos negros com o João e a parte dos índios, com o Cascudo."
Fonte:
Estado de Minas, 21/01/2001 - Jorge Fernando dos Santos