Árvore da cidade
Franpes
Árvore da cidade,
De folha empoeirada, verde-escura,
Caule caiado até certa altura,
Solitária por entre as multidões...
Triste embora estridente a turba passe,
Quase sempre imutável, não te alteras,
Pouco notas se chegam primaveras,
O teu ano é isento de verões!
Árvore sombria,
Eu ouço tua queixa lamentada
Na madrugada fria...
Quando ladram nas ruas cães aflitos,
ouve-se estridência dos apitos,
Mesclados com os gemidos,
Dos mendigos que jazem nas calçadas.
O vento não te açoita,
Edifícios te cercam, e, assim cativa,
Doente, pensativa,
Antes fosses na selva simples moita!
Como tu, na cidade sou sombrio,
Por isso sinto o frio,
Que tu sentes calada, assim sizuda,
Vou embora, não mais hei de te ver,
Mas nunca hei de esquecer,
A ÁRVORE DA CIDADE, escura e muda.
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