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Sala de Poesia

 

Homens que vens de humanas desventuras

António Botto

Homens que vens de humanas desventuras,

que te prendes à vida e te enamoras,

que tudo sabes e tudo ignoras,

vencido herói de todas as loucuras.

Que te debruças pálido nas horas

 de tuas infinitas amarguras,

e na ambição das coisas mais impuras,

és grande simplesmente quando choras.

Que prometes cumprir e que te esqueces,

que te dás à virtude e ao pecado,

que te exaltas, e cantas e aborreces,

arquiteto do sonho e da ilusão,

ridículo fantoche articulado,

eu sou teu camarada e teu irmão