"O artista, como observador da vida, não pode permanecer insensível à questão social. Quando visitei os Estados Unidos, cheio de ilusão diante daquele mundo novo, tão moderno e tão invejado por todos, senti uma sensação de desesperança. Nas ruas, vi uma grande quantidade de desempregados que pediam esmola nas ruas. Mesmo observando a sociedade de uma forma superficial, é possível compreender a profundidade do drama social que vivemos e perceber que nenhuma pessoa que tenha o mais mínimo sentimento de solidariedade humana pode continuar insensível a tanto sofrimento. Estou para publicar um livro que mostra tudo o que acabei de falar. Aqueles que só conhecem a minha produção literária de anos atrás certamente não gostarão do novo livro. Talvez acreditem que se trata de uma mudança total e absoluta da minha trajetória literária. Mas, bem no fundo, eu sou o mesmo agora e quando escrevi meus primeiros versos. O que acontece é que as circunstâncias me obrigaram a adotar essa posição".
Fonte: Folha de São Paulo, 01/08/1997