"Não sei de onde ou porque isso surgiu - nem porque tenho sido tão teimosa, pois nada foi capaz de me desanimar. Mas esta coisa que existe entre mim e meus escritos é o laço mais forte que já tive - mais forte do que qualquer laço ou ligação com o ser humano ou outro trabalho que tenha feito. De fato, comecei a escrever quando tinha seis ou sete anos. Mas também tinha uma multiplcidade de meios-talentos: queria dançar, tocar piano, cantava, desenhava. Mas realmente não me sentia envolvida por nenhum - queria investigar tudo. Não havia muitas diversões naquele tempo. Se você gostasse de música, você mesmo tinha que tocar piano e cantar. Claro que víamos todos os espetáculos da temporada, mas era no máximo uma dúzia por ano. No restante do tempo, dependiamos de nossos próprios recursos: nossa música e nossos livros. Todas as velhas casas que conheci quando criança eram cheias de livros, acumulados, pelos membros da família, geração após geração. A cultura era para eles uma coisa natural. Ninguém dizia para você ler isto ou aquilo, Os livros estavam ali para serem lidos, e nós os líamos".
Fonte: Escritoras e a arte da escrita: Entrevistas da Paris Review. Rio de Janeiro: Gryphus, 2001.