por Blaise Cendrars
"Não conheço nenhum outro poeta onde quer que seja que tivesse a sorte e a oportunidade de usar um jornal iluminado para publicar - ou melhor, exibir - seus poemas em plena rua . Não se tratava de publicidade ou de propaganda. Talvez, em parte, fosse mera propaganda de um membro do partido, mas Maiakovski tinha um amor muito grande ao povo e à poesia. Pense nos milhões de analfabetos que existiam na Rússia. Nada a não ser o gênio de Maiakovski poderia mover uma multidão como essa. E é nisso que invejo Maiakovski - seus poemas não eram falados, seus poemas não eram escritos, eram desenhados. Até mesmo analfabetos entendem desenhos. Só posso compará-lo a Walt Disney, que também é um criador fantástico, talvez menos puro, e que é o grande poeta dos Estados Unidos, apesar de comercializado. Tenho certeza que Maiakovski gritaria seus poemas na Praça Vermelha com um alto-falante e que os improvisaria todas as noites em uma rádio para que pudessem ser ouvidos nos quatro cantos do mundo - mais e mais poemas, novos, revolucionários na forma de no espírito".
Fonte: Os escritores 2: as hsitóricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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