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Soneto

SONETO DA FIDELIDADE

Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento 
 

Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento 
 

E assim quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 

Eu possa lhe dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama  
Mas que seja infinito enquanto dure
 


 

SONETO DE DESPEDIDA

 
 Vinícius de Moraes

Uma lua no céu apareceu 
Cheia e branca; foi quando, emocionada 
A mulher a meu lado estremeceu 
E se entregou sem que eu dissesse nada. 


Larguei-as pela jovem madrugada 
Ambas cheias e brancas e sem véu 
Perdida uma, a outra abandonada 
Uma nua na terra, outra no céu. 
 

Mas não partira delas; a mais louca 
Apaixonou-me o pensamento; dei-o 
Feliz – eu de amor pouco e vida pouca 
 

Mas que tinha deixado em meu enleio 
Um sorriso de carne em sua boca 
Uma gota de leite no seu seio.
 

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