Autoria - Orientação - Grau - Local - Ano- Pg
OLIVEIRA, Valdeci B.M. Vilma Sant'Anna Areas Ms. UNICAMP 2001
Título: Figurações da donzela-guerreira nos romances Luzia-homem e Dona Guidinha do Poço
Sinopse:
Esse trabalho estuda o topos da donzela-guerreira, sua adequação e afastamento nos romances Luzia-Homem e Dona Guidinha do Poço. Também estuda a permanência dessa figura no imaginário da cultura o cidental que tem sido suficientemente forte para as freqüentes reaparições dentro da tradição literária Ocidental, com o tempo, permitindo-lhe configurar os caracteres fundamentais que formamum microenredo de forte coesão interna, perfeitamente reconhecível porque possui um ethos específico em sua estrutura profunda, mas que se pode recobrir de inúmeras variações no nível de sua estrutura de superficie. O motivo da donzela-guerreira nos veio de fora, é claro. Entre nós, sua figuração se iniciou pela literatura popular, especialmente de cordel, depois conseguiu espaço na literatura erudita, especialmente no gênero romance, cujo locus, palco à sua narrativa, é o universo do sertão, lugar atávico, próximo do mundo semifeudal, cujas coordenadas socioculturais e políticas se pautam pelos mores seguros do patriarcalismo. Em Luzia-Homem, as dificuldades da tentativa de figuração desse topos são decorrentes do apego de Domingos Olímpio aos estereótipos femininos das convenções romântica e naturalista, cujos figurinos o impedem de criar uma mulher audaz, belicosa, de vontade própria e que faça jus agendi desses caracteres. Resulta que acaba por criar uma figura limítrofe, muito mais uma espécie de mulher biônica, inanida de susto. Ser híbrido e excessivo, numa espécie de mostrengo inverossímil, longe da pretendida figura da donzelaguerreIra. Em Dona Guidinha do Poço, Manuel de Oliveira Paiva erige a figura de uma mulher forte e determinada, capaz de conduzir o rumo de sua vida e de determinar o destino dos demais, porém incapaz de qualquer gesto e heroísmo, ou de altruísmo. Sua conduta, centrada em si mesma, muito a afasta da estóica donzela-guerreira. Guida é encarnação cabal da mandona metida à fidalga, mercê da fortuna herdada do pai, fazendo com que sua figura se aproxime do topos da mandona desabusada, nossa versão sertaneja das figuras cômicas do alazón, bufão ou da megera, antiga habitante da comédia grega. Essa personagem encaixa-se como luva na categoria da personagem tipo, sendo, portanto, também limítrofe à tópica da donzela-guerreira.
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