Muito pouco se escreveu até hoje sobre este genial escritor brasileiro contemporâneo, avaliado pela crítica literária como um dos autores mais inventivos e singulares da atual geração.
Carioca, nascido em 1961, Alberto Mussa tem como objetivo transmutar o gênero ‘conto’, produzindo uma junção entre a prática narrativa do Ocidente e as narrações de outras tradições culturais, como a afro-brasileira, a arábica do período pré-islâmico e a dos índios brasileiros.
Elegbara, seu primeiro livro, lançado em 1997, uma união de dez contos que narram primordialmente o processo de construção multicultural da identidade do povo brasileiro, teve a honra de incluir uma apresentação do Professor Antonio Houaiss. Estas narrativas mesclam história, ficção e mitologia, proporcionando a quem se aventura por suas páginas uma jornada bem-humorada e sensata pelos meandros das culturas do Brasil, da África e de Portugal. Ele foi selecionado pela Revista Bravo! como um dos melhores lançamentos do ano de 2005.
Logo depois vieram os romances O trono da rainha Jinga; O enigma de Qaf, o qual recebeu os prêmios Casa de Las Americas 2005 e APCA 2004; e O movimento pendular, que foi igualmente consagrado com os prêmios Machado de Assis 2006, da Fundação Biblioteca Nacional, e APCA 2006.
Em O movimento pendular, o narrador se dedica a narrar a História tipológica do triângulo amoroso, mas percebe que dificilmente obterá êxito em sua tarefa. Ele então deixa de lado a idéia inicial e concebe uma teoria universal do triângulo amoroso. O autor compila nesta obra todas as modalidades de adultério que têm a probabilidade de ocorrer e, por meio do agente narrativo, propõe algumas situações inusitadas, como a de que toda experiência afetiva já supõe antecipadamente a potencial existência de um adultério. Ou a hipótese de que no começo dos tempos, mais exatamente na pré-história, ocorreu um triângulo primitivo, do qual todos os outros descenderiam.
Sua obsessão pela literatura o levou a devorar livros de todos os tempos e lugares, sempre fascinado pela história da antiguidade e pela Antropologia. Culturas pertencentes ao passado ou povos tradicionais o atraem profundamente. Ao viajar por estas leituras, ele entrou em contato com as produções dos árabes antes do advento do Islamismo, especialmente com mitos e poesias primitivas, elaboradas pelos beduínos.
Este universo o deslumbrou desde o início, por conter em si mesmo, simultaneamente, uma rara beleza e uma crueldade ímpar. Descendente de libaneses e palestinos pelo lado paterno, ele somou sua atração afetiva e a inesgotável vontade de conhecer mais profundamente o mundo árabe.
Alberto Mussa dedicou-se então ao aprendizado do árabe clássico, a partir de 1996, para ser capaz de traduzir os originais da obra Os Poemas Suspensos, conhecidos como os mais sublimes da poesia árabe anterior ao Islamismo, repletos de libertinagem, sabedoria e perversidade. Ele tinha, nessa época, acesso apenas às versões francesas e inglesas. Esta renomada tradução teve início em 1999. Deste processo nasceu sua vontade de escrever sobre este universo. Foi assim que nasceu O enigma de Qaf, seu primeiro romance. Ele foi recentemente convidado para participar do IV Festival Internacional de Literatura de Berlim, realizado em setembro de 2008.
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