Capixaba de nascimento, mineiro de criação, Wilson Figueiredo nasceu em 1924. Começou na Agência Meridional, dos Diários Associados, e, mais tarde, já no Rio de Janeiro, passou alguns meses na Última Hora e na Tribuna da Imprensa, antes de ser levado por Carlos Castelo Branco para conhecer Odylo Costa, filho, que estava contratando repórteres e redatores para iniciar a revolucionária reforma do Jornal do Brasil. Assim começou a história de Wilson Figueiredo no JB, onde permaneceu por quase cinco décadas e no qual desempenhou as funções de editorialista, chefe de redação e comentarista político. Em 2011, aos 87 anos, ganhou a biografia E a vida continua (Editora Ouro sobre Azul).Quando ainda vivia em Belo Horizonte e Mário de Andrade visitou a cidade, em 1944, o jovem jornalista estava na estação de trem para recebê-lo. Mal o mito modernista embarcou de volta -após noites regadas a chope e sambas em dueto-, iniciou-se a correspondência. "Meu caro Figueiró", escreveu Andrade, "acabo de ler seus versos. Você já é poeta, mas só não será poeta como constância de sua vida se não quiser. Se, quando você chegar aos 38 ou 40, lembrar que foi poeta e virou funcionário público, 'argentinos' de velhas de estações de águas, ou pai de família só, Figueiró, não bote a culpa na vida, o culpado será você." Depois de tal incentivo, o novato tratou de pegar o touro à unha. Com o material publicado na revista "Edifício" -criada por ele, Sábato Magaldi, Autran Dourado e Francisco Iglesias-, lançou os volumes "Mecânica do Azul", em 1946, e "Poemas Narrativos", em 1948. Sábato ainda hoje reconstitui, de cabeça, os versos "Nomes das mulheres que amei me sobem à boca/ com golfadas de sangue e choram aos meus ouvidos". Mas o próprio poeta não estava satisfeito com o resultado. Mandou recolher as edições quando apenas uma pequena parte delas chegou às livrarias. "De maneira geral, não sou indeciso. Mas, para mim, literatura funciona dialeticamente: gosto e já não gosto". O jornalismo, que cada vez lhe ocupava mais tempo, sempre serviu de explicação para o abandono da poesia. O que poucos sabem -só a mulher, Lourdes, os quatro filhos e amigos mais chegados- é que ainda mantém uma relação secreta com as musas. Jamais parou de escrever, em recolhimento. As gavetas estão abarrotadas. E tomou a decisão de abri-las. Figueiredo vai lançar um novo livro, com a produção poética dos últimos 50 anos, provavelmente em 2012.
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