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Como escreve?
Coelho Neto

"Eu consegui disciplinar o vocabulário. Dada uma certa impressão, concluída uma idéia, posso sentar-me e escrever. A idéia sai vestida e os termos exatos juntam-se no perfeito reflexo da impressão. Estou a tomar uns ares dogmáticos... Perdoa. È quase uma confissão. Vem desse esforço, que foi a pouco e pouco desbastando do meu estilo os guisos de muitos adjetivos para substituí-los por um só, exato, o emprego de certos termos populares como sarrilho e de palavras desejosas de dar a idéia mais onomatopaica do fato, como buchorno com a significação de mormaço – dois substantivos vítimas em tempo de crítica... Acusam-me de preciosismo, meu caro amigo. Não sabem eles que o artista é o resultado de mil influências desencontradas... A verdade é que, enquanto escrevo, sinto um grande prazer e depois fico assustado com os defeitos. Tenho um processo de trabalho constante. Só as novelas foram acabadas e retocadas antes de serem entregues aos editores. O resto da minha obra tem sido escrito dia a dia para os jornais. Assim fiz a Capital Federal, o Rei fantasma, o Turbilhão".

Fonte: RIO, João do. O momento literário. Rio de Janeiro: Garnier, 1904.

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