"Vocês me perguntam como eu faço para escrever. Vou lhes contar, mas em caráter confidencial. Pego uma cebola madura, espremo bem, mergulho a pena no sumo e escrevo. É uma ótima tinta: o sumo da cebola é incolor (como as lágrimas que provoca) e depois que seca não deixa marca nenhuma. A página aparece de novo tão pura como antes. Somente quando é aproximada do fogo revela-se a escrita, a princípio com alguma hesitação, uma letra aqui, outra ali, até que afinal se vê cada sentença. Só há um problema. Ninguém sabe da força secreta do fogo; e quem suspeitaria que a página pura tem qualquer coisa de escrito?"
Fonte: Folha de S.Paulo, 14/07/2002.
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