“Todo escritor tem os seus métodos. No meu caso, o principal é a leitura em voz alta. Ainda adolescente, li num livro que Flaubert, na busca da perfeição, costumava ler em voz alta os seus textos. Resolvi fazer o mesmo com os meus e fiquei impressionado com os resultados. Desde então nunca mais deixei de fazer isso... Já escrevi e escrevo em qualquer hora. Mas prefiro a noite, depois das dez horas e entrando pela madrugada. Para a revisão do texto, porém, eu prefiro a manhã, depois de levantar-me... Não sou dos que escrevem todo dia. Mas, embora não escreva todo dia, posso dizer que todo dia penso nas coisas que quero escrever. Minha cabeça não pára. Agora, quando estou escrevendo algo de maior dimensão, como um romance, aí sim, aí eu me imponho uma disciplina, às vezes bastante rigorosa. O que não impede que eu a quebre com freqüência. O fato é que a mesa de trabalho me atrai e me repele: me atrai pelas alegrias da criação, e me repele pelas dores da criação”.
RICCIARDI, Giovanni. Escrever 2. Bari: Ecumênica Editrici scrl, 1994 |