"A palavra rotina é enganadora. Dá logo a impressão de que o que me está sendo perguntado é se eu escrevo todo dia, de que hora a que hora, quando paro para almoçar, e quando paro para caminhar na praia. Essa rotina de funcionário público, não tenho. Nem poderia. Sou minha secretária, minha administradora, meu mordomo, minha cozinheira, e às vezes até minha costureira. Sou a dona das minhas duas casas. Viajo muito. Mas sou extremamente cumpridora. Minha rotina consiste em determinar, assim que acabo a escrita e a finalização de um livro, qual será o próximo. O novo projeto entra na minha vida no começo do ano. E a domina até estar terminado. Abro espaço físico para ele como Deus é servido. E mantenho sempre aberta a comunicação emocional/intelectual. Se o projeto se prolonga por mais de um ano, tenho dificuldades entre setembro e dezembro, que é quando se fazem mais intensas as solicitações para viagens e palestras. Mas sou um feitor competente e feroz, mantenho mão de ferro sobre meu próprio cangote. Até que acabe o projeto, dando-me direito a um mínimo descanso, para logo começar nova estiva.
Fonte: Rascunho (Curitiba), fevereiro de 2011
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