"Quando faço ficção escrevo todo dia. Depois, faço um trabalho de reelaboração do texto: corto, procuro o tom dos trechos, mudo a ordem das coisas, por ai... Eu sinto uma relação artificial com a língua. Eu vivo, eu sou essa língua, mas pergunto porque essa língua tem que ser minha. A língua é algo artificial que me é dado e tem seus próprios mecanismos, já vem com idéias feitas, encaixadas em formas. Na hhora em que escrevo, as emoções, muitas vezes, não são minhas, são da língua, assim como a minha obrigação é procurar uma linguagem que seja realmente minha, que tenha a ver com o que eu quero traduzir, devo traduzir-me para a língua".
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Escrever 2. Bari: Ecumenica Edtrici, 1994.
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