“Crítica é uma coisa que está desaparecendo atualmente, sobretudo no Brasil. As reflexões críticas mais iluminadas, esclarecedoras sobre a minha obra têm sido feitas na universidade – monografias, dissertações. Algumas têm mostrado algumas coisas sobre mim que eu mesma não imaginava. Ou então são feitas na imprensa do exterior. Tenho um artigo de uma professora universitária sueca sobre o conjunto de minha obra que mexeu muito comigo, uma visão de fora, com uma perspectiva completamente diferente. Da Suécia eles vêem a América Latina como uma coisa inteira, um conjunto, de repente ela compara Cem anos de solidão com Bisa, Bia, Bisa Bel, e fica analisando a coexistência de gerações, as relações entre tempos diferentes, as interpenetrações do imaginário no quotidiano, falando em termos de realismo mágico, essas coisas. Junto aquilo, menciona uma questão feminina jovem, coisas tão inesperada que envaidecem, por uma lado, mas também fazem pensar, refletir sobre o que estou fazendo. Num outro artigo, de um professor universitário da Colômbia, sobre um dos meus livros, Isso ninguém me tiraele examina como eu escrevo sobre a emancipação da mulher adolescente latino-americana, como ela está construindo um caminho diferente, livrando-se daquele domínio patriarcal. Artigo longo. Isso aqui no Brasil há muito a gente não tem, não se faz nada, em nenhum jornal. No caso da literatura para adultos ainda há resenhas, as sobre a obra infantil não há nada”.