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Crítica literária
Antonio Carlos Secchin

"O que vem ocorrendo é uma danosa e artificial segmentação do discurso crítico. Em geral, quando se escreve para a universidade, o tom se torna pesado, pedante, capricha-se no vocabulário como se palavras mais arrevesadas conferissem profundidade a pensamentos muitas vezes rasteiros. Por outro lado, o espaço da mídia banaliza-se com palpiteiros de toda espécie, que mal sabem distinguir entre um verso e uma linha. As resenhas se transformam em trombetas encomiásticas e se confundem com releases das editoras, numa espécie de ação entre amigos para inflar a vaidade dos autores. O ideal é que o texto escrito para os jornais não abdique de seu caráter crítico a tal ponto que possa — por que não? — também circular na Universidade. E que o texto produzido na Universidade, se transposto para um periódico, abdique da opacidade de linguagem, caso deseje surtir um mínimo de efeito".

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br (19/09/2015)

"A crítica vem perdendo espaço devido, em boa parte, à ausência de leitores. Costumo dizer que há mais poetas do que leitores de poesia, na medida em que nem mesmo os poetas costumam ser assíduos leitores de seus pares… ou ímpares. Por outro lado, parece-me fundamental, sob pena de afastar ainda mais o leitor do livro, que o crítico leve em conta a especificidade do veículo onde escreve. Uma resenha em jornal será inócua se exibir-se com linguagem característica de uma aula de pós-doutorado... Nada mais instável do que a bolsa de valores literários. A função da melhor crítica talvez seja a de compreender, mais do que a de julgar. Entender a proposta do outro (mesmo que em divergência com nossos valores), a partir dos pressupostos de formulação dessa proposta, em vez de liminarmente desqualificá-la . O desconhecimento disso leva a fundamentalismos do tipo “a grande poesia morreu com o século XIX” ou “só a vanguarda interessa”....O resenhismo só é superficial quando se restringe a ser peça publicitária, ação entre amigos ou acerto entre desafetos. O equilíbrio reside numa soma de fatores, que passa pela consistência da formação teórica, pelo conhecimento do legado clássico, pela abertura a novos discursos, sempre considerando que nenhuma versão do literário, presente ou pretérita, proscreve as demais .O crítico ocupa o mais valioso espaço de intermediação entre livro e leitor; o desejável é que não aumente o fosso entre ambos".

Fonte: http://www.carlosribeiroescritor.com.br (16/09/2015)

"O crítico pode sinalizar acessos ao texto, mas tendo a humildade de enfatizar que há outras inúmeras e não-ditas portas de entrada. O crítico-poeta, de um lado, estaria mais capacitado a falar de poesia pelo fato de praticá-la; mas, por esse mesmo fato, pode tornar-se dogmático, ao querer enxergar nos outros poetas o modelo de poesia que ele, crítico, pratica".

Fonte: http://www.gargantadaserpente.com 16/09/2015)

 

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