“Meu primeiro livro foi bem acolhido, e na época eu não sabia que isso era quase um milagre para um escritor estreante. Atualmente eu trabalho na Grasset, uma grande editora, e compreendo melhor o esquema de troca de favores. Há escritores que também são críticos, como Jean D’Ormeson e François Nourrissier. São pessoas importantes, que presidem júris de concursos literários e trocam críticas simpáticas entre si. Agora, que conheço bem o sistema, me dou conta de que tive muita sorte. Infelizmente, entre os jovens autores desconhecidos, poucos serão descobertos. E o reconhecimento é importante ainda para o escritor, do ponto de vista psicológico. Se o jornal ‘Le Monde’ escreve cinco linhas dizendo que um livro é medíocre, isso pode não ter muita importância em termos comerciais, mas certamente terá influência sobre o autor. Por outro lado, os prêmios literários não têm nenhuma relação com a literatura. Tudo é feito para que os escritores célebres continuem famosos e os outros continuem desconhecidos".
Fonte: O Globo, 06/04/1996 – Helena Celestino
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