“A maior parte das críticas negativas é proveniente de acadêmicos anglo-americanos. Somos inimigos mortais. Há 25 anos venho denunciando esse pessoal. O ensino de literatura no mundo de língua inglesa foi para o inferno. É dominado por ideólogos, por integrantes daquilo que eu chamo de ‘escola do ressentimento’. É gente comprometida com assuntos extraliterários, com mania de desconstruir e relativizar tudo. Eles não se importam com o valor estético. É o politicamente correto que interessa a eles. Por isso, não estou nem aí, nem leio as críticas. Se você tenta ser independente, se não adere a nenhum tipo de moda, se fala honestamente e emite opiniões próprias, se recusa ideologias, inevitavelmente será atacado É como diz o escritor americano Ralph Waldo Emerson, um dos meus heróis: ‘O mundo tenta castigar os que não se conformam’. Minha maneira de responder aos críticos é escrevendo outros livros... Acho que toda crítica equilibrada, mais do que competitiva, tem de ser pessoal e excêntrica. É o que Oscar Wilde, outro de meus heróis, costumava dizer: a crítica é a única forma civilizada de autobiografia. Não tenho pretensões de fazer crítica científica. Gostaria muito que meus livros, lidos em conjunto, fossem considerados minha autobiografia”.
Fonte: Veja, 31/01/2001 – Flávio Moura
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