"Em muitos jornais e revistas, qualquer comentário, seja longo ou curto, a um livro, significa que este livro jamais voltará a ser ali mencionado. O livro é distribuido entre um certo número de colaoradores fixos, ou mais ou menos fixos, que o recebem como uma tarefa a executar. A crítica, nessas circunstâncias, não nasce nunca de um entusiasmo, de uma paisão ou mesmo de uma cólera, de uma iritação. Torna-se 'profissional' no pior sentido. Claro que isso tem as suas vantagens: abre-se espaço para um maior número de livros e fala-se de obras que, a esperar por um crítico 'espontâneo' , talvez nem fossem comentadas. Contudo, será mesmo importante que certas pessoas escrevam sobre determinados livros unicamente por tere recebido essa tarefa? Que se pode esperar de uma abordagem processada em tais circunstâncias? Presta uma ajuda real à cultura o jortnal ou revista que alija para sempre de suas páginas o livro ali comentadop, dando certo estatuto de infalibilidade a um texto que bem pode ser equivocado? .
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/1985
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