“Eu acho que a tendência para baixo (definhamento da crítica literária) continua, mas surgiu uma tendência para cima. Além das editoras universitárias, há editoras pequenas muito ativas, quase militantes. O outro lado, o lado do espaço editorial continua diminuindo também, embora estejam surgindo revistas, como a ‘Cult’ e a ‘Bravo’. Vamos ver no que dá. Mas a crise de espaço para a crítica literária está acontecendo no mundo inteiro, e não só no Brasil. Há ainda alguns bastiões da crítica, como o americano ‘The New York Review of Books’ ou o inglês ‘Times Literary Supplement’ – que são periódicos especializados – ou então o francês ‘Le Monde’, que sempre tem um suplemento por semana. Mas, tirando isso, não sobra muita coisa... Mas eu tenho a impressão que o espaço ideal para a crítica literária são os jornais. Mas os jornais estão reduzindo cada vez mais o espaço para a crítica. Eu, por exemplo, gostava de escrever para jornal. Eu não escrevo mais porque não tenho onde... (Quanto as tendências mais promissoras hoje na crítica) Sem dúvida a crítica genética, que examina a obra literária a partir dos manuscritos deixados pelo autor. Apesar de promissora, ela está com os dias contados devido ao avanço da informática. Ninguém mais faz rascunhos; escreve-se direto no computador”.
Fonte: Folha de São Paulo, 02/08/1998 – Marcos Roberto Flamino Peres |