“Ele (Heidegger) não rompe a fronteira entre a poesia e a filosofia, mas mostra justamente a proximidade entre as duas, porque há uma forte carga poética na sua maneira de escrever. É uma relação diferente daquela preconizada pelos românticos alemães, com Schlegel e Novalis. Os próprios títulos de seus textos são altamente poéticos. Há trechos de Ser e tempo que lembram Guimarães Rosa, em frases como: ‘O mundo mundeia’. É um pensar poético. Isso se acentua nos diálogos, que tinham desaparecido da filosofia. Heidegger escreveu um diálogo entre um japonês e um professor alemão interessantíssimo. E a nova edição alemã das suas obras completas traz mais de 30 textos e transcrições de cursos inéditos, o que está configurando uma nova idéia de seu pensamento.”
Fonte: O Globo, 30/05/1998 – Luciano Trigo e Paulo Roberto Pires
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