"Ao pensar sobre as relações entre história e literatura, é essencial
anotar que a construção literária engendra forma distinta para tornar o “real” tangível, se comparada à construção de sentido histórico. Para a literatura, é possível referenciar-se em uma leitura do mundo cujo anseio é estabelecer ligações, também, com o que nem sempre é compreensível. Nesse sentido, estranhamente à primeira vista, a literatura pode transformar o fantástico em cognoscível. Se o seu
desejo é lançar luz à compreensão, essa compreensão não exige uma narrativa ordenada que pactue com a verdade. Apresentar os homens e o cenário que os circunda pode ser objeto trivial, tratando-se, muito particularmente, da literatura contemporânea. A densidade psicológica e a inversão de sentido narrativo passam a ser os trunfos para se “contar uma boa história”. Uma boa história pode ser contada de maneiras distintas, com finais imprevisíveis e verdades questionáveis"
Fonte: Fredro, Fabiana de Soua. A CORRESPONDÊNCIA DE SIMÓN BOLÍVAR... HISTÓRIA, São Paulo, 28 (1): 2009 719
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