"Hemingway já disse que o jornalismo atrapalhou a sua (dele) literatura. Há uma discussão infinita sobre isso. É preciso entender que a literatura, hoje, não tem mais o status que tinha antes. Essa importância que a literatura tinha, até, digamos, o fim dos anos de 1970, é que impulsionava, por parte de determinados jornalistas, o desejo de verem o jornalismo ligado a ela. Vamos dizer que são dois primos, às vezes próximos – especialmente no caso do jornalismo cultural –, às vezes muito distantes – editorias de hard news (política, economia, cidades, por exemplo)... Quero deixar claro que gosto demais de ser jornalista. De ter contato com pessoas e descobrir histórias que elas trazem consigo, ocultas. Acho que o jornalismo tem esse lado, superpositivo. Agora, cada um deve descobrir a sua forma de lidar com ele. Respondendo à pergunta: num sentido amplo, o jornalista de veículo impresso é um escritor. Num sentido estrito, creio que não, quando se pensa na finalidade de cada ofício. Eventualmente, livros-reportagem, crônicas, perfis e determinados gêneros podem ser classificados também como literatura.
Fonte: COSTA, Cristiane H. <www.penadealuguel.com.br>, 13 de dezembro de 2006.
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