"Eu acho que nenhum escritor, pelo menos num primeiro momento de sua carreira, tem como sobreviver unicamente de seu trabalho. Principalmente no Brasil, onde o mercado para ficção é menor (acho que nos Estados Unidos, sim, é possível). Escrever tem que ser um part-time job. E o autor é obrigado a conciliar isso com outra atividade para sobreviver, a não ser, claro, que seja rico, o que não é o caso da maioria das pessoas. Partindo desse princípio, acho que a atividade jornalística é tão prejudicial quanto à de advogado, médico, professor ou qualquer outra coisa, no sentido que rouba tempo do trabalho de ficção. Mas não a ponto de bloquear o trabalho do escritor. Afinal, Guimarães Rosa era médico, Drummond, burocrata, Conrad, marinheiro, e nenhum deles deixou de escrever por causa disso... O jornalista é um escritor no sentido que vários gêneros de literatura, como a crônica, a resenha e mesmo alguns estilos de reportagem podem ser praticados dentro dos jornais. Eu, no entanto, me dedico à ficção, e a ficção hoje não tem espaço dentro dos jornais, ao contrário do que ocorria, por exemplo, no tempo de Lima Barreto, que escrevia romances em forma de folhetins – ou de Flaubert, José de Alencar etc. Sobre se o jornalismo e a literatura são vocações ou ofícios, acredito que ambas são ambas as coisas".
Fonte: COSTA, Cristiane H. <www.penadealuguel.com.br>, 13 de dezembro de 2006.
"Fiquei extremamente frustrado, deprimido até, quando uma pessoa me disse que reconheceu no meu estilo ficcional o meu estilo jornalístico. Isso representaria o fracasso total da minha literatura"
Fonte: http://www.roteiroromanceado.com
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