Hoje eu trabalho na Presidência da República e estou indiretamente ligado ao jornalismo. Então, atualmente, não há invasão do jornalismo com a literatura. Na época de redação também não, porque o jornalismo me absorvia inteiramente e não me dava tempo nem cabeça pra literatura. Não houve invasão, houve obstáculo. Quando deixei de ser jornalista diário, deixei de escrever tanto, fui menos sugado. Com a literatura eu me sinto mais realizado, apesar de gostar muito do jornalismo. Eu adoro literatura, mas é um processo dolorido também, porque tem coisa que não é tão agradável de contar, de lembrar. Eu faço meu deadline, defino o tamanho, o assunto do texto. A dor maior é revirar, voltar a coisas minhas ou dos outros que não davam mais vontade de mexer... A crônica é e não jornalística. Por isso acho que
a literatura pode ser mais usada em reportagens humanas, que contam histórias de vida, o cotidiano das pessoas, falam de comportamento. Coisas que te permitem escrever sobre pessoas são as mais propícias para colocar a literatura na mídia".
Fonte: ANDRADE, Marcela Heitor. Jornalistas podem ser escritores: 21 entrevistas brasilienses. Monografia apresentada à Faculdade de Comunicação da UNb, como requisito para a graduação em Comunicação Social. Brasilia: UNb, 2008.
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