"É um sintoma de neurose, suponho. É o que leva alguém a escrever compulsivamante ainda que saiba que é impossível viver da literatura. Além disso, escrevo também devido a influências da família. Pai poeta. Avô materno (Samuel Merlin): editor romântico que faliu por publicar somente o que gostava. Avô paterno: nobre hungaro que foi muito rico, padeceu com os nazista e com a invasão soviética, contrariou sua classe social fundando um partido agrario, era pintor impressionista e terminou seus dias como um pobre na Argentina... Escrevo desde sempre. Escrevo muito. Escrevo por influência de meu pai (Bela), que é um grande poeta. Sempre estive - e estou - muito longe do mercantil: hoje gostaria de escrever uma revista "under". Não quero ser - nem prematura nem tardiamente - uma vaca sagrada da literatura. Creio que hoje não existe - aqui - uma geração de escritores: há escritores (alguns muito bons), mas são ilhas. É mais um mundo editorial do que um mundo literário."
Fonte: SERRA, Alfredo. Así hablan los que escriben. Buenos Aires: Atlantida, 2001.
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