"Para minha própria satisfação. Escrevo pensando no descobrimento de mim mesmo. Creio na inspiração. Mas creio muito mais na lucidez e no cálculo do escritor. Meu compromisso como escritor é permanente, mas mutável. Modifica-se, mas como escritor me compete testemunhar a realidade agora, envolvendo-a em certa vivência literária, para possibilitar a comunicação com o leitor. A recriação dos fatos é mais comunicativa do que sua narração direta. Recriá-los é a função da literatura. Eis por que proponho cada romance como a invenção de algo diferente do que existe. Essa proposição tem algo de utópica, bemsei, mas mesmo assim me esforço para alcançá-la. Estou escrevendo um novo romance: A princesa do palácio de ferro. É a história de seis anos de vida de uma jovem de nosso tempo. Para contá-la, entrevistei dezenas de moças de sua faixa de idade e condição social. Organizei um vocabulário básico e é com ele que estou construindo o romance. Afinal nós somos um idioma".
Fonte: JOZEF, Bella. Diálogos oblíquos. Rio de Janeiro: Liv. Francisco Alves Ed., 1999.
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