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Por que escreve?
João Cabral de Melo Neto

"Por que escrevo é um negócio complicado... Eu tenho a impressão de que a gente escreve por dois motivos. Ou por excesso de ser – é o tipo do escritor transbordante, como a maioria dos escritores brasileiros; é uma atitude completamente romântica – ou por falta de ser. Eu sinto que me falta alguma coisa. Então, escrever é uma maneira que eu tenho  de me completar. Sou como aquele sujeito que não tem perna e usa uma perna de pau, uma muleta. A poesia preenche um vazio existencial. Às vezes, eu escrevo porque quero dizer determinada coisa que eu acho que não foi dita; às vezes, porque me interessa que conheçam meu ponto de vista. Às vezes, escrevo também por prazer".

Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

“Não sou mais um escritor. Estou cego. Para escrever, preciso ver. Não leio, não consigo escrever também. Sou um ex-escritor. Não adianta ditar versos para alguém porque preciso ver a minha letra construindo-os. Escrevo como quem constrói uma casa. Meus livros têm estrutura, não são reuniões de poesias. Minha influência foi Le Corbusier, que li em Recife quando ainda era moço, e também os poetas cubistas franceses. Paul Valéry, que não era cubista, também. Para mim é uma tortura não poder ler, sabe? Desde pequeno não fiz outra coisa senão ler. Não ler é pior do que não escrever. Publiquei meu primeiro livro com 22 anos. E o último com 73. A literatura perdeu completamente o sentido para mim. Não me lembro mais de nenhum poema meu.”

Fonte: CHIODETTO, Eder. O lugar do escritor. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

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