“A psicanálise e a literatura são a mesma coisa. Só que uma torna público e a outra guarda o seu descobrimento para viver melhor. Mas é a mesma dinâmica psíquica, que consiste em excluir todas as palavras cansadas e modos de vida aborrecidos, considerar um novo alento, mudar o modo de falar consigo mesmo e de nomear as coisas e conectar-se aos outros. Alguns conseguem posicionar essa experiência da linguagem e incluir essa recriação da intimidade e do aspecto pessoal em uma tradição cultural como a literatura. Fazer com que uma obra que se situa depois de Balzac, Dostoievsky ou Cervantes faça parte de uma memória cultural... para isso se esforçam em polir sua linguagem, procurar um editor, ir à televisão para divulgar seu livro. Outros não tomam essa atitude e se contentam em casar novamente, mudar de profissão, deixar de beber ou simplesmente enamorar-se, já que pensam que são incapazes de amar. O laboratório onde acontece esse click é o mesmo”.

Fonte: www.clarin.com (11/11/2011) (visto em 1/4/2018)