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Psicanálise
Leslie Kaplan

“Há muito em comum entre um escritor e um analista. Vejo os dois como heróis, ou seja, pessoas dispostas a enfrentar os conflitos e a tentar superá-los através de uma nova forma de pensar. Isso é heróico. No lugar de apenas repetir o que é ruim, tenta-se transformar. Na verdade, todos nós somos heróicos quando agimos assim. A partir do inconsciente, podemos mudar as coisas. E o que podemos mudar? Freud nunca prometeu felicidade. Disse apenas que poderíamos mudar nossa relação com o trabalho e com o amor. Fazendo um paralelo, em literatura, tem-se várias formas de se escrever, mas a que mais me interessa é escrever algo aberto, em que o leitor é convidado a desvendar o que está acontecendo, articulando o pensamento de uma forma prazerosa... Fiz psicanálise há muitos anos. Não acho que poderia sequer pensar em escrever este livro (O psicanalista. Cia. das Letras, 2001) se não tivesse tido tal experiência. Acho que é um risco como toda forma de pensar. Começamos questionando uma coisa pequena e depois terminamos por questionar tudo o mais: a família, o casamento, etc. Aliás, esta é uma das razões pelas quais resolvi escrever: a literatura é também uma forma de questionar o mundo, de observar as coisas com um olhar de surpresa. Escrever é se manter sempre surpreso em frente ao mundo e não se manter passivo diante do que acontece ao redor”.

Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2001 – Claúdia Nina   

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