“Sou grato a Freud. Se não fosse ele, meus retratos de Manzoni ou de Proust não teriam sido escritos .Na Itália e nos EUA, a moda é dizer que Freud não entendeu nada, que é imbecil. Mas, para mim, ele continua sendo um grande visionário embora o que escreveu a respeito da literatura não seja decisivo. Devo a ele minha maneira de analisar os textos, de extrair deles temas para recompô-los e também minha tendência em buscar grandes complexos, como o de Édipo... Percebo a dimensão líquida da vida psíquica. Devo isso também a Freud. Na Grécia antiga, a literatura estava ligada à liquidez: as musas são ninfas. Apesar disso, como sonhador, sou deplorável: tenho apenas pequenos sonhos cômicos, tenho uma vida interior muito limitada; até os sonhos analisados por Freud perderam sua dimensão fabulosa. Foram já racionalizados por ele. Ao contrário, os sonhos dos místicos muçulmanos são maravilhosos”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2001 – Claude Anaud
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